Espetacular e inspirador
Dos verdadeiros arraiais nas distritais à dura fatura da ascenção às lides profissionais
Vasco Alves responde por valores que casam com as origens do Belenenses, rejubilando com este sucesso conseguido com uma inteira cumplicidade e proximidade à comunidade circundante.
Sócio de nascença, que se habituou a acompanhar o avô a dias inteiros de fervor belenense, passando pelos jogos das modalidades, acabando no prato forte: o futebol. O designer gráfico que é, na realidade, músico experimental... vive dias felizes, erguendo um tecido sonoro para uma escalada de grande dimensão sentimental. “Tem sido espetacular e inspirador, voltei a ter imenso orgulho em dizer que sou adepto do Belenenses. Temos muito mais gente a ver os jogos do que ocorria na Liga. Não conheço outros casos no futebol mundial que uma equipa tenha prescindido de competir na 1ª Divisão em nome da soberania associativa, fazendo as coisas de outra maneira. Ia aos jogos, conhecendo o espírito associativo de outras cidades e clubes, entrei a fundo na realidade do desporto popular com alguns senhores mais velhos a segurarem uma caixinha para pequenas doações. Uma experiência muito marcante”, resume.
“Fomos enchendo campos de bairros no subúrbio de Lisboa, era uma festa, quando vinha o Belenenses um arraial instalado. Nunca me diverti tanto a ver a bola com imenso desportivismo. Quando vinham jogar ao nosso campo, os miúdos já nem conseguiam correr, habituados a terrenos pequeninos. Tínhamos uma equipa de estudantes, de pessoalque trabalhava, havia uma aproximação muito grande aos adeptos. Anos antes, na 1ª Divisão era uma ligação moribunda”, recorda, lamentando o preço do regresso às lides profissionais.
“Quanto mais patamares subimos mais complicadas as coisas se tornam.Éo dilema deste trajeto, o clube quer manter-se associativo e o sistema não o permite. Tornou-se obrigatória a criação da SDUQ, os horários dos jogos vão mudar, naturalmente vão haver menos adeptos. Para mim também será um processo difícil poder levar a gaita. Há mais aparato policial, mais medidas de segurança. Não estarei disposto a tocar no camarote, só faz sentido se for no meio da claque como foi em todo o trajeto”, avisa.
Não conheço outros clubes que abdicaram de jogar na Primeira Vasco Alves Adepto do Belenenses
VASCO ALVES “Trouxe a gaita num jogo, passo a tocar e começam a cantar o hino à minha volta e a pedir mais. Filmaram e o vídeo ganhou vida nas redes sociais”
“É algo que apela à identidade, agarraram-se com unhas e dentes”
“Na Liga 2 será mais difícil levar a gaita, há mais medidas de segurança. Não quero tocar num camarote”
“Fomos enchendo campos, eram arraiais.Nunca me diverti tanto no futebol”
“Ligação com os adeptos estava moribunda”