Que seja o quarto passo de muitos
A Liga vai processar Mário Costa, o ex-presidente da Mesa da AG. Saúda-se, mas não chega. A família do futebol tem de se unir para impedir situações idênticas.
Pedro Proença, presidente da Liga Portugal, e os clubes precisaram de pressionar até à medula Mário Costa, agora ex-líder da Mesa da Assembleia Geral do organismo, no sentido de este se demitir; a Federação Portuguesa de Futebol avança medidas para apertar o controlo na inscrição de jogadores; o Governo revelou, através do secretário de Estado da Juventude e Desporto, João Paulo Correia, a intenção de criar legislação no sentido da imposição de contratos transparentes e sanções aos prevaricadores; finalmente, a Liga, como pode ler nesta edição, vai processar, por falsas declarações e danos reputacionais, Mário Costa, que está no centro do “caso Bsports”, academia investigada por tráfico de pessoas. São quatro passos importantes no sentido de defender todos os jovens que arriscam, quase sempre engados por agentes sem escrúpulos, mudar de país para singrar no futebol. Mas tudo será pouco, atendendo à dimensão do problema.
Nem todos têm a mesma responsabilidade, mas também ninguém estará completamente inocente. Organismos desportivos, empresários, companheiros de equipa, treinadores. No limite, todos na família do futebol. Casos com a dimensão deste são raros. Existem, porém, outros, alguns há muito identificados pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, investigados e noticiados. Mas só após o escândalo e a vergonha determinamos tolerância zero. Nesta fase, o pior que pode acontecer é perder tempo com questões paralelas. Importa agir. Não sei se com quatro ou com 40 passos, mas tenho a sensação de que nada será como antes. Espero ter razão.