O Jogo

A ausência de Pichardo

- Carlos Flórido

Pedro Pichardo pode ter uma lombalgia que o impede de competir; pode não querer competir para não agravar uma lesão ligeira; ou pode não ter viajado para os Jogos Europeus por o seu grande objetivo do ano ser o Mundial, tendo já em julho novo meeting da Liga Diamante, e a prova da Polónia não se enquadrar no seu programa. Qualquer uma das três hipóteses é possível e isso, por si só, revela um caso mal gerido. A Federação Portuguesa de Atletismo, embora tendo contado com o saltador na apresentaç­ão da Missão olímpica – onde disse querer mais este título –, sabia há semanas que Pichardo estava, pelo menos, em dúvida, ou não teria nomeado Tiago Pereira como suplente quando revelou os 43 convocados.

Só confirmar a ausência já na Polónia, e de forma envergonha­da, como se o campeão olímpico fosse um nome secundário da equipa, foi o culminar de uma má gestão de informação. Porque a dúvida enunciada em cima ganhou contornos de suspeita. Infelizmen­te, este caso não é único no gerir da imagem pública de Pichardo. Aparentand­o ser um rapaz simpático e com um gosto genuíno de ser agora português, as poucas presenças públicas e raras entrevista­s – não gostar das redes sociais é uma opção pessoal muito respeitáve­l – fazem do saltador um quase mistério para o grande público. E só isso, esse desconheci­mento sobre um dos maiores campeões da nossa história, permite que depois as provocaçõe­s sobre a sua naturaliza­ção, como as de Nelson Évora, ganhem relevo e se transforme­m em casos nacionais.

Infelizmen­te, este caso não é único na gestão da imagem pública de Pichardo

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