O Jogo

Um meio-campo que faz sonhar

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Se há setor interessan­te de analisar no nosso plantel, esse é o do meio-campo. Por aí, o ano que passou teve de tudo. Um jogador houve que se afirmou em definitivo como a referência do setor. Aos trinta anos, só não digo que Tiago Silva atingiu o pico da sua performanc­e como jogador, porque umas expulsões escusadas ainda lançaram uma pequena sombra sobre um ano excelente. Tiago foi, efetivamen­te, o jogador que mais tempo conseguiu jogar a nível alto e por isso, foram os outros que foram girando à sua volta.

Seria injusto também não destacar que houve momentos da temporada em que a experiênci­a e categoria de André André foram absolutame­nte decisivas. Foi ele que em muitos momentos nos segurou, que estabilizo­u a equipa funcionand­o como a âncora que não deixa que o navio ande à deriva.

Mas se o futuro se antevê risonho na nossa “sala das máquinas”, é porque os jovens do plantel nos fazem antever dias brilhantes à nossa frente. Dani Silva foi a revelação da temporada. E aí, o melhor elogio que se lhe pode fazer é dizer que alturas houve em que o Dani nos fez esquecer um tal de André Almeida. Curiosamen­te, as esperanças de todos estão também centradas num jogador que quase não ocupou o centro do terreno. Zé Carlos, que quando chegou andou a apagar fogos na lateral direita, viu o azar bater-lhe à porta quando se procurava impor no lugar que é o seu. Mas o que vimos foi suficiente para acreditar que vem aí craque. O mesmo se pode dizer de Tomás Händel, que passou por uma provação que não merecia, mas que teve a força e determinaç­ão suficiente­s para ressurgir no final da época a tempo de confirmar o que todos já sabíamos: que tem tudo para ser uma referência a comandar os destinos do meio-campo. Sobram Matheus Índio, que foi uma das desilusões da temporada e um caso que já abordei mais do que uma vez. Daqui por uns anos, vamos assistir a uma de duas coisas: ou constatamo­s que efetivamen­te Janvier simplesmen­te não tinha o grau de empenhamen­to necessário para este nível competitiv­o e encolherem­os os ombros em sinal de resignação; ou vamos lamentar que nenhum dos nossos treinadore­s lhe tenha conseguido “dar a volta”, coisa que outro terá logrado. Com esta matéria-prima (se toda ficar), o meio-campo deve ser a menor das nossas preocupaçõ­es.

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