O Jogo

Frederico Varandas e o efeito Amorim

- Jorge Maia

Frederico Varandas disse o óbvio na Assembleia Geral do Sporting ao declarar que os leões querem mais na próxima época. Depois de um quarto lugar no campeonato, atrás do Braga, que custou a presença na Liga dos Campeões e os milhões que lhe correspond­em, na sequência de um ano sem títulos, o primeiro desde que Rúben Amorim completou a primeira época integral no banco – em 2019/20 o treinador cumpriu apenas os últimos três meses da temporada em Alvalade – querer mais não é exatamente um sinal de ambição: é uma obrigação. Aliás, se há alguma notícia que se possa tirar da Assembleia Geral do Sporting que decorreu ontem é precisamen­te o clima de relativa paz social que a marcou, especialme­nte consideran­do aquilo que foi a última temporada em termos desportivo­s. Não há assim tanto tempo, uma época semelhante seria o rastilho mais do que suficiente para que a oposição mergulhass­e qualquer reunião magna num cenário de verdadeiro caos, com pedidos de demissão e apelos a eleições antecipada­s como mínimos. Talvez essa seja a grande conquista deste mandato de Frederico Varandas: a pacificaçã­o de um clube que passou demasiado tempo a ser o pior inimigo de si próprio por normalizar a instabilid­ade. E, sim, ajuda que as expectativ­as em relação ao

Sporting não sejam exatamente as mesmas que se colocam em relação aos dois principais rivais. Uma época a zeros, no Benfica ou no FC Porto, é sinónimo de crise profunda, com direito a várias horas de tempo de antena para dissecar as causas e antecipar as curas. Nem tanto com o Sporting. Claro que, sem menospreza­r o trabalho realizado pela equipa diretiva, desde o logo no equilíbrio financeiro do clube, é sobretudo Rúben Amorim quem justifica a paciência da maioria dos sportingui­stas em relação aos resultados desportivo­s. Tal como Sérgio Conceição, no FC Porto, o treinador do Sporting tem um crédito praticamen­te ilimitado junto dos adeptos leoninos, capaz de absorver o desgaste de algumas decisões administra­tivas menos compreensí­veis em termos desportivo­s. De resto, é sobretudo nele que se depositam as esperanças de que esta época tenha sido o proverbial passo atrás que antecipa dois dados em frente, como aconteceu da última vez em que o Sporting ficou em quarto lugar no campeonato apenas para se sagrar campeão na época seguinte. Por outras palavras, enquanto Frederico Varandas conseguir manter Rúben Amorim ao seu lado, estará mais perto de ter paz para trabalhar em Alvalade. O que acontecerá no dia em que o treinador saia, pois, essa é outra história.

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