HUGO PEREIRA “Ganhar é ter mais atletas”
Presidente da Câmara destaca os bons resultados e os atletas de excelência, mas sublinha que mais importante é garantir a prática para tudo e para todos, investindo nos clubes para fortalecer o pilar que é o desporto
O presidente da Câmara Municipal de Lagos, Hugo Pereira, lidera o Executivo desde 2019, primeiro como interino e desde 2021 como eleito. Tem 47 anos,élicenci ado em Economia e pós-gradua doem Finanças. À conversa como nosso jornal, sublinha, entre outros temas abordados, que o desporto nãoéu ma prova de 100 metros, mas sim uma maratona, e, por isso, promete que o concelho vai continuar a correr.
A Autarquia destinou cerca de um milhão e meio de euros para o programa de apoio ao desporto. Que balanço faz desse investimento?
—Ficamos sempre satisfeitos com os nossos projetos. Desde há uns anos que temos novamente condições e disponibilidade financeira para a atividade desportiva e o nosso grande foco está na prática para todos. Mais do que os resultados em termos de competição, interessa-nos a prática para tudo e para todos e dispor do maior número de atletas. Mesmo com a covid conseguimos, porque o número nunca baixou, mantivemos a aposta, com muitos jovens, também o desporto adaptado e em muitas modalidades. Ficámos por isso muito satisfeito. Ganhar é ter mais atletas e isso sim, é o nosso objetivo.
Em que se baseou esse apoio? Atividades dos clubes, eventos, infraestruturas?
—Temos um programa de apoio que mistura todas as áreas, trabalhando com os clubes, para que eles reconheçam esse apoio, e, ao mesmo tempo, ajudando à gestão e disponibilidade dos clubes, financiando custos operacionais. Queremos que os clubes não se preocupem com essa questão, que às vezes os impede de sonhar. Disponibilizamos melhores espaços, o transporte na maioria das vezes para treinar e jogar onde precisam, mais o custo das inscrições e dos coordenadores para elevar a qualidade da prática. Em algumas modalidades, praticadas por imensos jovens, substituímos as famílias na quotização para que não seja o custo que possa determinar a não prática deste ou daquele desporto. E apoiamos eventos de dimensão pequena e grande, comba seno orçamento e experiência, alavanca mos a organizaçãopara que esses eventos possam ser realizados. E mesmo para os clubes que têm instalações próprias, cedemos espaços e ajudamos as suas equipas a terem esses e mais espaços. Depois há os equipamentos, comon ocaso dok ar até. Ou seja, temos um programa de AaZ,injetandoin vesti mentonon osso pil arque éo desporto.
E a alta competição?
—Há dez anos retomámos este apoio e o objetivo, repito, é ter mais atletas e praticantes, mas, como também temos atletas de excelência, precisamos de majorar esses feitos e subir três ou quatro degraus através do apoio à elite, seja um clube, seja um atleta que tenha de ir para fora do universo do Algarve ou de Portugal, como sucedeu com o Diogo Marreiros. Com o apoio do Ministério da Educação, procuramos ainda facilitar os alunos, de modo que a escola se concilie com prática desportiva. Daí que estejamos alinhados com os clubes e avançando em paralelo.
Falou no Diogo Marreiros, que foi campeão europeu de patinagem de velocidade…
“A matéria-prima está nas escolas e faz-se a aproximação através do desporto escolar, envolvendo os clubes, para que haja sinergia. Houve uma clara evolução, sobretudo nas modalidades menos recetivas”
—O Diogo é quase um embaixador nosso. Com 30 anos, acabou por colocar em cima da mesa a sua vida e abandonou, mas será sempre um atleta de eleição, que atingiu quase o máximo, uma grande referência numa prática que não tem o caráter dos futebóis. É o nosso CR7 da patinagem e a nossa escola é das melhores do país, que venceu e continua a vencer. No Roller, há outros Diogos em perspetiva.
A aposta nas modalidades é diversificada?
—Temos essa preocupação de diversificar, com todos os desportos, e no caso da vela, por exemplo, é obrigatório praticá-la com este mar e esta costa. Não é por acaso que os Descobrimentos saíram de Lagos, por isso também queremos ter outros navegadores. Temos muitas apostas, a ginástica é igualmente uma referência, o andebol feminino
atingiu um patamar de excelência e é dos que mais se destaca, no futebol há três ou quatro clubes com muita quantidade, do Esperança e Odiáxere ao Bensafrim e Casa do Benfica, perfazendo quase mil atletas. Depois, o ténis de mesa nunca baixou de nível, no surf o Alex Botelho fez história e há ainda o atletismo. Em relação ao basquetebol e voleibol, estamos a incentivar mais a sua prática e divulgação. É um bocado isso que fazemos, pretendemos ter vários faróis e a costa toda bem iluminada.
Os lacobrigenses gostam de desporto?
—Acho que sim. Existe muita prática de acordo com o histórico familiar, seguindo os filhos para todo o lado, como sucede, por exemplo, no andebole no futebol. E nos eventos de maior expressão reconhecemos que há uma paixão pelas nossas modalidades, como no caso da vela. A cidade acompanha e marca presença nos locais, percebendo ao mesmo tempo a importância do desporto.
E o caso do desporto escolar?
— A matéria-prima está nas escolas, tenta-se a aproximação através do desporto escolar, envolvendo os clubes, para que haja sinergia. Houve uma clara evolução, sobretudo em algumas modalidades menos recetivas, como no golfe, nos patins, surf, paddle, estas duas últimas de grande incremento e que suscitam uma atração enorme dos miúdos, talvez por terem um cariz mais selvagem, desculpem o termo, mas banalizámos esta questão porque trata-se de uma prática feita com toda a segurança. Estes bons resultados também se devem muito às escolas e aos professores, que lançam o desporto escolar e veem-no como uma fábrica de talentos. Daí que seja oportuno agradecer às escolas e professores, porque o desporto escolar está para ficar e crescer.
As infraestruturas são suficientes ou pensa aumentar os equipamentos?
—Os clubes estão satisfeitos, mas há sempre necessidade de mais, também porque somos vítimas do sucesso. Há mais procura, mais modalidades, mais um escalão a ser lançado. As infraestruturas são suficientes, mas precisamos de crescer, ter mais um campo de futebol, mais um pavilhão, então sim, estaríamos um nível acima, já que a gestão obriga a esticar. Também há sempre reformulações, tipo substituir um relvado, uma pista, e até alguns complexos exteriores deixarem de ser ao ar livree passar e maser pavilhões. Estamos a avaliar essa hipótese. Depois, olhamos para os parques de saúde e bem-estar, para os skates, trabalhando nisso, através de uma grande pista para estas práticas ao ar livre. O ideal será fechar o quarteirão entre as piscinas e o estádio, com mais valências, e, se sobrar espaço, edificar ainda o tal outro campo de futebol.
O Centro de Atividades Náuticas está em marcha?
—Está presente, é verdade, apesar de ter vindo a ser adiado. Considerámos anexar uma zona em mar e terra para que ficasse afeta ao município, já se revolveu, agora é deslocar equipamentos, preparar exigências e ter pareceres favoráveis para criar o tal centro náutico de excelência, com grua, barcos organizados e condições ímpares. Vamos sentar novamente e definir limites em terra, talvez no próximo ano se possa arrancar.
Que balanço faz destes quatro anos que leva na Presidência?
—Isto é um trabalho que nunca acaba. Estou há dez anos no Executivo, seis como vice, assumi a Presidência em 2019 para dois anos e depois fui eleito em 2021. Mais do que satisfeito, é o vir trabalhar todos os dias. O desporto foi sempre uma aposta – eu fui vereador do Desporto –, mas não é uma prova de 100 metros, é uma maratona, que não chega ao fim, há sempre mais uma curva. Queremos continuar sempre a correr e que os projetos vão acontecendo. A cidade é exigente e tem uma procura enorme, pelo que quem cá está tem de a honrar, embora estando de passagem. Faltam dois anos e é prosseguir com o projeto, que é muito extenso. Mas queremos deixar muito trabalho feito e projetar mais a cidade, para se viver, visitar e investir.