Os problemas das lutas
Comecei a minha carreira de jornalista fazendo a cobertura das modalidades de lutas e percebendo cedo como muitas são problemáticas. Abundam as discussões entre dirigentes, formam-se federações concorrentes, inventam-se até torneios como aquele título “mundial, europeu e africano” que me surgiu uma vez, com fotografias do que parecia ser um combate de boxe em vão de escada. Sempre considerei tudo isso autênticos tiros nos pés. Sendo o espaço mediático tão pouco, divisões internas só contribuem para o reduzir, na maioria das vezes a zero. Precisando de uma forma de separar o trigo do joio, e
Quem tem chancela olímpica merece notícias, quem não a tem que a procure
pensando sempre que os bons atletas não devem ser ignorados por terem maus dirigentes, encontrei há anos um modelo: quem tem chancela olímpica merece ser noticiado, quem não a tem que a procure. Porque “olímpico” sempre foi um selo de qualidade e a realidade demonstra-o. Telma Monteiro, Jorge Fonseca e Rui Bragança são atletas conhecidos e reconhecidos não apenas por serem bons, mas porque judo e taekwondo são olímpicos. O karaté, desde o dia em que conseguiu ter uma federação a unificar os vários estilos, também o devia ser e o Comité Olímpico Internacional tem sido injusto para com um desporto enorme. O muaythai, que em Portugal está numa das federações que cataloguei como “problemáticas” – as suas discussões internas chegam ciclicamente a um qualquer jornal, com pedidos de resposta e ameaças de tribunal –, teve agora uma oportunidade de ser notícia por boas razões, ao entrar e brilhar nos Jogos Europeus. Que não a desperdice.