O Jogo

João Mário quis jogar nas alas

Camisola 20 conta os planos que o técnico tinha para ele e como lhe deu a volta com a ajuda de Rafa

- VÍTOR RODRIGUES

Quando chegou ao Benfica, o alemão tinha previsto colocar o médio de 30 anos na posição 10, mas este pediu para trocar, sobretudo porque não se sente confortáve­l a atuar de costas para o jogo.

Roger Schmidt aceitou o desafio de treinar o Benfica na época passada e, depois de analisar o plantel, identifico­u em João Mário o “seu” 10, o médio que iria atuar nas costas do ponta-de-lança. Porém, foi convencido durante a préépoca pelo próprio ex-internacio­nal português, que contou com a preciosa colaboraçã­o de Rafa, numa história que contou à Sport TV, em entrevista que será transmitid­a na íntegra na terça-feira.

Para quem considerav­a que, com a vinda de Schmidt e o seu futebol de pressão alta, João Mário não teria espaço, a análise saiu-lhe pela culatra. “Toda a gente dizia que não iria poder jogar e ele na primeira conversa disse-me: ‘tu vais ser fundamenta­l naquilo que éa minha ideia de jogo. Há a parte fora de campo mas em campo tu vais ser fundamenta­l’. É curioso que a primeira conversa que tive com ele, eu disse-lhe que preferia jogar mais de fora para dentro e ele disse-me: ‘Eu quero que sejas o meu 10’. Ou seja, a posição do Rafa. E eu respondi que iríamos experiment­ar, treinar, podia ser que corresse bem”, revelou João Mário, num excerto da entrevista conduzida por Luís Freitas Lobo.

Porém, o camisola 20 tinha outra leitura tática. “Eu acho que jogando sempre de costas para o jogo não é mais o meu forte e eu lembro-me de ter tido uma conversa com o Rafa em que me dizia exatamente o oposto, que preferia jogar onde eu estava a treinar”, contextual­izou, antes do “clique na pré-época”. “O míster chamou-nos aos dois e disse: ‘Atendendo ao que vocês gostam e aquilo que tenho visto, se calhar podemos experiment­ar trocar’. Foi quando eu passei para a esquerda e o Rafa para o meio e depois funcionou muito bem”, realçou.

Na base desta mudança está a avaliação que João Mário faz às suas próprias caracterís­ticas. “Hoje em dia sou muito mais um 10 do que um 8 porque também jogo muito mais à frente. Acho também que, não é injusto mas é difícil, pedir a um segundo médio, um Enzo por exemplo, que esteja sempre em zona de finalizaçã­o. É um jogador de equilíbrio­s, que tem de participar na organizaçã­o de jogo, na ocupação de espaços”, avalia o médio, que atuou na ala esquerda e depois da direita do ataque sob as ordens de Schmidt.

Recuando (pouco) no tempo, o vice-capitão das águias lembra que fez essa posição de segundo médio no seu primeiro ano na Luz (em 2021/22), mas aponta um obstáculo. “Quando jogo nessa posição, o meu pensamento é não desequilib­rar a equipa, não tanto atacar o espaço”, refere, explicando o seu ponto de vista... físico. “A exigência é maior, tens de ser mais um box to box, tens de atacar e defender, de ter uma cadência defensiva que eu posso fazer mas que não é o meu forte. Partindo da ala, é muito mais ocupar espaços e é claramente onde me sinto mais confortáve­l e onde posso tirar melhor rendimento das minhas caracterís­ticas físicas.

“É preciso ter uma cadência defensiva que não é o meu forte”

João Mário Jogador do Benfica

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Rafa derivou para o meio e João Mário caiu nas alas após conversa com Schmidt

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