João Mário quis jogar nas alas
Camisola 20 conta os planos que o técnico tinha para ele e como lhe deu a volta com a ajuda de Rafa
Quando chegou ao Benfica, o alemão tinha previsto colocar o médio de 30 anos na posição 10, mas este pediu para trocar, sobretudo porque não se sente confortável a atuar de costas para o jogo.
Roger Schmidt aceitou o desafio de treinar o Benfica na época passada e, depois de analisar o plantel, identificou em João Mário o “seu” 10, o médio que iria atuar nas costas do ponta-de-lança. Porém, foi convencido durante a préépoca pelo próprio ex-internacional português, que contou com a preciosa colaboração de Rafa, numa história que contou à Sport TV, em entrevista que será transmitida na íntegra na terça-feira.
Para quem considerava que, com a vinda de Schmidt e o seu futebol de pressão alta, João Mário não teria espaço, a análise saiu-lhe pela culatra. “Toda a gente dizia que não iria poder jogar e ele na primeira conversa disse-me: ‘tu vais ser fundamental naquilo que éa minha ideia de jogo. Há a parte fora de campo mas em campo tu vais ser fundamental’. É curioso que a primeira conversa que tive com ele, eu disse-lhe que preferia jogar mais de fora para dentro e ele disse-me: ‘Eu quero que sejas o meu 10’. Ou seja, a posição do Rafa. E eu respondi que iríamos experimentar, treinar, podia ser que corresse bem”, revelou João Mário, num excerto da entrevista conduzida por Luís Freitas Lobo.
Porém, o camisola 20 tinha outra leitura tática. “Eu acho que jogando sempre de costas para o jogo não é mais o meu forte e eu lembro-me de ter tido uma conversa com o Rafa em que me dizia exatamente o oposto, que preferia jogar onde eu estava a treinar”, contextualizou, antes do “clique na pré-época”. “O míster chamou-nos aos dois e disse: ‘Atendendo ao que vocês gostam e aquilo que tenho visto, se calhar podemos experimentar trocar’. Foi quando eu passei para a esquerda e o Rafa para o meio e depois funcionou muito bem”, realçou.
Na base desta mudança está a avaliação que João Mário faz às suas próprias características. “Hoje em dia sou muito mais um 10 do que um 8 porque também jogo muito mais à frente. Acho também que, não é injusto mas é difícil, pedir a um segundo médio, um Enzo por exemplo, que esteja sempre em zona de finalização. É um jogador de equilíbrios, que tem de participar na organização de jogo, na ocupação de espaços”, avalia o médio, que atuou na ala esquerda e depois da direita do ataque sob as ordens de Schmidt.
Recuando (pouco) no tempo, o vice-capitão das águias lembra que fez essa posição de segundo médio no seu primeiro ano na Luz (em 2021/22), mas aponta um obstáculo. “Quando jogo nessa posição, o meu pensamento é não desequilibrar a equipa, não tanto atacar o espaço”, refere, explicando o seu ponto de vista... físico. “A exigência é maior, tens de ser mais um box to box, tens de atacar e defender, de ter uma cadência defensiva que eu posso fazer mas que não é o meu forte. Partindo da ala, é muito mais ocupar espaços e é claramente onde me sinto mais confortável e onde posso tirar melhor rendimento das minhas características físicas.
“É preciso ter uma cadência defensiva que não é o meu forte”
João Mário Jogador do Benfica