O Jogo

A entrevista

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Em 2024 realizar-se-ão eleições no FC do Porto de Pinto da Costa, o dirigente desportivo há mais tempo em exercício. Com ele, o Porto conquistou tudo incluindo reconhecim­ento mundial. Ao longo de 25 anos esteve no auge da sua força e influência, com uma gestão desportiva capaz de contratar os melhores, de os vender muito bem e de procurar quem os substituís­se com sucesso pelo menos igual. Os agentes de topo reuniam em Portugal apenas com Porto e Benfica, sendo que os nortenhos, com uma estrutura eficiente, objetivos mais ambiciosos e maior poderio financeiro, adquiriam quem queriam perante a impotência dos encarnados. Esses anos de glória passaram. Desde há 10/12 anos a situação foi-se invertendo, com Benfica a suplantar Porto na dimensão financeira e capacidade de contratar jogadores com cartel. Vejam-se as entradas na era Sérgio Conceição. Comparem-se os alvos do Porto e o ataque “feroz” ao mercado do Benfica. Será que a era de Pinto da Costa está a chegar ao fim, dadas as crescentes dificuldad­es? A entrevista de Villas-Boas é uma boa peça de marketing e propaganda que permite desvendar que algo começa a mexer. Villas-Boas é portista ferrenho acima de suspeita e o último treinador a conquistar um título europeu, em 2011. Sabe muito de futebol e não precisa dele para viver. É muito ambicioso e quer ser presidente do Porto, de preferênci­a sem “atropelar” Pinto da Costa. Divulgou o que muitos sabem: o elo com o presidente passou de fortíssimo à rutura com estrondo quando saiu a mal para o Chelsea. Houve uma reaproxima­ção e André recebeu o Dragão de Ouro. A paz pouco durou e o afastament­o é claro, pois Villas-Boas considera 2024 o tempo certo da mudança e que Pinto da Costa o teria dado a entender de forma pública. Ou talvez tenha ensaiado nova finta… O Porto está numa encruzilha­da e o seu grande pilar já não é o presidente mas Sérgio Conceição. O maior problema é Sérgio sair para um desafio de vida, o que destapará uma panela de incertezas e receios. Se VillasBoas quer mesmo ser presidente não pode pensar que está escrito nas estrelas. Tem de se apresentar com um projeto sólido, coerente e forte, objetivos ambiciosos e estratégia bem definida. Com um programa de candidatur­a contendo as linhas de política desportiva capazes de fazer regressar o clube aos tempos áureos. Se arranjar um grupo capaz de elaborar esse programa diferencia­do, convence os sócios e vencerá eleições. Sem isso corre o risco de ver o destino passar-lhe ao lado.

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