O Jogo

DEVAGAR SE VAI AO LONGE

DOMÍNIO Empate 1-1 com o Genk mostrou que um leão mais controlado com a bola é mais perigoso. Estreou-se a linha de quatro defesas

- FREDERICO BÁRTOLO

Na primeira vez de porta ●●● aberta em 2023/24 uma novidade no reinado de Amorim. O teste da linha de quatro defesas, pedido tantas vezes como esquema alternativ­o, veio a público no empate com o Genk, 1-1, igualdade com golos obtidos na primeira parte. A principal ilação a levar no caderno de volta ao hotel é que o leão vive mais cómodo com a bola no pé e a pautar ritmos. Uma versão que se viu na segunda parte quando Daniel Bragança voltou a ser avistado pelos adeptos no relvado, um ano após a lesão no joelho direito, mas principalm­ente porque o treinador deu o recado à equipa de que o leão tem de ser mandão.

Antes, um passe fantástico de Morita a isolar Chermiti (10’) permitiu ao Sporting marcar à primeira oportunida­de. Mérito do avançado sub-19 a mostrar que também sabe explorar a profundida­de e assistir, em bandeja de ouro, para Trincão. A tática de dois avançados surpreende­ram o Genk, nitidament­e. Mas a pressa não foi boa amiga e de um pontapé de baliza Matheus Reis achou que Franco Israel tinha dotes de Usain Bolt para chegar a um passe disparatad­o. Um golo oferecido a Fadera aos 25’ e que minou a confiança para os leões terem a bola: Coates andou aos papéis, desconfort­ável

Trincão marcou o golo dos leões e teve o triunfo nos pés mesmo ao cair do pano, após uma assistênci­a de Jovane. Seria a cereja no topo do bolo do jogador que mais desequilib­rou na noite de ontem

na linha de quatro defesas, Matheus Reis somou perdas de bola na esquerda e Edwards pouco ou nada pressionou na direita, abrindo o assalto ao meio-campo de Morita e Pedro Gonçalves preso de movimentos com bola e sem tração quando a perdia.

Ao intervalo não mudou a tática, apenas a consciênci­a. Tanto que o Sporting merecia a vitória durante esses 30 minutos: combinaçõe­s coletivas a arranjarem oportunida­des claras na área e Trincão o expoente de criação e de desperdíci­o: aos 56’, teve o golo no pé, mas preferiu adornar com a canhota, aos 59’ forçou uma defesa exuberante de Vandevoord­t e também Afonso Moreira mostrou dotes de desequilib­rador, ficando perto de um golo monumental.

A lesão de Eduardo Quaresma (80’ ), trancado o jogo todo e a estranhar a posição de lateral, abriu a porta ao regresso do 3x4x3 e a perturbaçã­o voltou a desequilib­rar o barco: Coates voltou às correrias

para tapar buracos e Israel agradeceu à intervençã­o divina porque o remate de Paintsil, aos 87’, foi à trave. O Genk está longe de ter génios da lâmpada em termos individuai­s, mas podia ter vencido o jogo. O inverso verificous­e no final quando Trincão, na cara do golo, atirou a rasar o ferro, depois de uma recuperaçã­o subida e abnegada de Jovane Cabral. Sem abdicar do contra-ataque e do erro alheio, o Sporting deverá afinar a lógica de que devagar se vai ao longe. Com qualquer esquema tático.

 ?? ??
 ?? ?? Morita e Chermiti controlam a jogada
Morita e Chermiti controlam a jogada
 ?? ?? Edwards conduz o lance e cria perigo
Edwards conduz o lance e cria perigo

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal