O Jogo

Sporting e Benfica salvam o atletismo

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Rui Pinto começou a correr no Várzea e passou pelo Benfica antes de chegar ao Sporting, há dois anos. “Sem esses dois clubes, mais o Braga, que apareceu de novo, não era possível fazer atletismo em Portugal. De todo. Não é com 100 ou 200 euros que se faz atletismo profission­al. Muitos são atletas graças ao suporte familiar, as ajudas dos seus clubes não são suficiente­s”, diz o fundista, que “gostava de dizer algo motivador, mas a realidade é esta”.

A sua mensagem, alerta ,“não é para quem está começar, mas para quem dirige”. “É aí que tem de mudar a mentalidad­e, são eles que têm de trabalhar mais, para aproveitar o potencial do setor”. Lúcido, explica o problema: “Por exemplo, há o hábito de criticar o futebol, porque leva tudo. Isso parece falta de visão de quem dirige. O atletismo, a nível mundial, está bem e recomenda-se. As marcas conseguem tirar proveito e desenvolve­r produtos, as organizaçõ­es faturam como nunca. E as federações deveriam fazer um trabalho como o que se vê com o futebol feminino. Ainda não dá retorno, mas com o investimen­to virá a dar. O atletismo precisa que se pegue nele como um produto, se valorize e depois se venda. Isso não acontece. Passamos o tempo a falar do que fizemos, do passado, e nada se faz pelo futuro”.

O atleta do Sporting vê “miúdos com muito potencial”, mas percebe que “gastam o pouco que têm para seguirem um sonho, não tendo os portuguese­s as condições que permitiria­m ser tão bons ou melhores do que os outros”. O fundista aponta, ainda, a “falta de referência­s para os mais novos”. “Já lidei com grandes atletas, tive a sorte de estar em seleções com o Obikwelu, o Rui Silva, a Jéssica Augusto...”, conta, ficando surpreendi­do por poder ser uma referência atual para quem vai com ele correr a São Silvestre do Porto: “Espero que seja! Não sei se sou para muitos. Tenho tentado, isso sim, ir além dos resultados desportivo­s e dar um exemplo. Não quero ter uma carreira só pelos resultados, mas também pela forma de estar e rigor no trabalho”.

“Sem Sporting e Benfica, mais o Braga, que apareceu de novo, não era possível fazer atletismo em Portugal. De todo. Não é com 100 ou 200 euros que se faz atletismo profission­al”

“A modalidade está bem. As marcas tiram proveito, as organizaçõ­es faturam. Mas falta valorizar o produto”

Rui Pinto

Atleta do Sporting

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