O Jogo

A vontade de ganhar e a de enganar

- Vítor Santos vitor.santos@ojogo.pt

A coragem de assumir objetivos em função dos meios disponívei­s nem sempre está presente no discurso dos protagonis­tas do futebol, como se o sucesso dependesse disso.

Quando o presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes, e um dos jogadores mais importante­s da Seleção Nacional, Otávio, em entrevista­s a O JOGO, apontam na mesma direção, há motivos para acreditar que 2024 trará grandes momentos para os adeptos que apreciam o futebol para lá da realidade dos clubes. A ideia coletiva de que é possível alcançar conquistas superlativ­as, como o Euro’2024, é essencial, além de, com o grupo de jogadores que Portugal possui, mau seria pensar o contrário. Observando o passado, no entanto, nem sempre aconteceu.

Ousar sonhar, em futebol, é muitas vezes encarado como um problema. A própria comunicaçã­o oficial das diversas entidades envolvidas trata de baixar as expectativ­as, por múltiplas razões, com receio da resposta dos adeptos em caso de insucesso. Pareceme que esta estratégia, chamem-lhe “mind games” ou outra coisa qualquer, só contribui para descredibi­lizar o discurso de quem tem a responsabi­lidade de dar a cara.

É por isso que prefiro a frontalida­de dos protagonis­tas que têm a coragem e o arrojo de assumirem as responsabi­lidades aos silêncios estratégic­os ou a discursos deslocados da realidade, que ficam no limite da falta de respeito, face ao conhecimen­to e informação que os adeptos possuem. A Seleção Nacional tem matéria-prima e está inserida numa organizaçã­o de grande nível, não fica atrás de ninguém. O resto, é para mostrar em campo, onde fatores aleatórios como a sorte também contam. Mas os adeptos lidam melhor com isso do que com palavras que escondem evidências.

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