RUI OLIVEIRA
CICLISMO Ambicioso e frontal, atleta da UAE vinca algumas metas pessoais para 2024, como chegar à vitória que tanto procura no principal pelotão
A O JOGO, Rui Oliveira relata a satisfação por ter renovado por mais três anos, o trabalho junto a Pogacar e a esperança de ir aos Jogos Olímpicos pela pista, vendo 2024 como um ano “importante”.
Rui Oliveira, gaiense de 27 anos, renovou pela UAE Emirates por mais três anos e relata a O JOGO a vontade de se destacar com vitórias, depois de se ter solidificado como escudeiro de Tadej Pogacar nas clássicas.
Que balanço faz de 2023?
—Não alcancei o que me propus: ganhar uma corrida. Faltou destacar-me. Em termos coletivos, foi um dos melhores anos. Ganhámos um monumento [Volta a Flandres] com o Tadej, mais outras corridas com ele e ajudei o Molano a vencer um sprint na Vuelta.
Faltaram vitórias em clássicas belgas?
—Não foi nessas que me faltou ganhar. Queria ganhar uma corrida. Qualquer uma.
Como o ciclismo está, ganhar já é bom. Estive perto em Maiorca [8.º], na primeira corrida que fiz, em que estava a liderar até os 50 metros finais. Fui ultrapassado na última curva. Na Omloop [9.º] faltou-me sair mais tarde e podia ter feito top-5. Seria fabuloso. Na E3 [22.º] falhei no Paterberg e podia ter ficado no top-10. Na ParisRoubaix [52.º] descolei no último setor. Fico a pouco mais de um minuto do top15. Não vou dar desculpas e este ano quero fazer melhor. Não quero viver dos “ses”.
O que é preciso para atingir a tal vitória?
—Em sprints puros é muito difícil. Consigo fazer um bom resultado em grupos restritos. Mas num dia com boa colocação, e tendo mais oportunidades, é possível.
Como gere a questão de ter passado de um atleta que vencia corridas em juniores para estar quase só ao trabalho em elites?
—Ganhava algumas coisas, mas não muito. Em sub-23 só venci o Campeonato Nacional. Também estive perto de ganhar na Volta a França do Futuro, já fiz top-10 nas elites e não ganhei. Não penso todos os dias nisso, não sinto uma grande ansiedade, mas quero concretizar. Não quero passar a carreira toda a trabalhar. Estou para isso, mas também quero obter vitórias. Sei que não vou ganhar muito, mas estive perto de ganhar uma etapa numa grande volta. Estou perto e sei que vou lá chegar. Tenho de acreditar. Este ano de 2024 será dos mais importantes.
Não tem vitórias em provas World Tour, mas renovou por três anos, o que lhe garante pelo menos nove épocas seguidas no escalão máximo. Era um sonho?
—Assinaria isso por baixo aos 19 anos. Era aquele sonho… queria ser profissional
Em Saragoça, na Volta a Espanha, Rui Oliveira entregou uma vitória a Juan Sebastián Molano, que foi reconhecida pela Europa fora. “As pessoas até estranharam ter festejado daquela maneira, mas já tínhamos tentado vários dias com ele. Não tinha havido aquele lançamento para a vitória. O Matxin disse para ele se fiar na minha roda e para sair mais tarde dela. Apanhámos toda a gente de surpresa. Foram todas as frustrações embora. Nunca tinha feito um lançamento tão perfeito. Fazer parte do trabalho principal deu muito mais sabor ao momento”, conta, valorizando o apreço: “Foi muito especial, porque senti o carinho de todos. Quando cheguei ao autocarro recebi um aplauso da equipa como se fosse eu a ter ganho.”