Presidenciais também se jogam no campo
1Sérgio Conceição fez os possíveis para se blindar a si próprio e ao balneário do ruído que resulta do arranque do período eleitoral para a presidência do FC Porto. Considerando o tempo de antena a que tem direito semanalmente e o peso que tem junto da opinião pública portista, é apenas normal que o treinador meça as palavras com que aborda o tema, até para não se tornar a si próprio e à equipa num dos temas da campanha. Conceição precisa do apoio de todos os portistas para a tarefa de recuperar a desvantagem para os rivais com que entrou nesta segunda volta. Colocar-se, e com ele a equipa, de um dos lados da barricada eleitoral, seria um convite à divisão nas bancadas com um impacto que dificilmente seria positivo. Claro que nada disso significa que o treinador e a equipa estão de fora da corrida eleitoral. Mesmo que haja temas e preocupações mais profundas e estruturais para discutir entre o candidatos, seria ingénuo ignorar o impacto que os resultados desportivos poderão ter naquela que ainda será uma considerável margem de indecisos entre a rotura com o passado e a aposta na continuidade. Um FC Porto convincente na luta pelo título, forte na Taça de Portugal e competitivo na Champions oferece um contexto para as eleições completamente diferente de um outro, mais distante dos objetivos desportivos traçados para esta temporada. Portanto, sim, Conceição tem uma palavra a dizer na decisão das eleições presidenciais. Não em conferência de imprensa, mas no campo.
2O pior da atribuição do prémio The Best a Messi como melhor jogador do Mundo foi a forma como desrespeitou o próprio. Ao longo da semana multiplicaram-se as opiniões sobre o desmerecimento do argentino que, por sinal, foi o único que se deu ao respeito, faltando a uma cerimónia que não fez mais do que diminuí-lo. Messi ganhou muito prémios individuais que mereceu ganhar, alguns discutíveis porque disputados olhos nos olhos com jogadores da mesma dimensão, outros indiscutíveis por ter sido claramente o primeiro entre pares. E agora ganhou o último The Best por inércia. Como dizia Alexander Pope, um elogio imerecido é sarcasmo disfarçado. Messi não merecia o prémio, estamos todos de acordo. Mas sobretudo não merecia que lhe faltassem ao respeito, manchando tudo o que ganhou à sua própria custa com uma piada de mau gosto em que ele é, involuntariamente, a punch line.
Seria ingénuo ignorar o impacto que os resultados terão naquela que é uma considerável margem de indecisos