DOIS PONTOS CHUTADOS PARA CANTO
MURO De uma sucessão de quases a um cerco que já não se via na Invicta desde D. Pedro IV, o Rio Ave nunca se desmoronou perante um FC Porto de pólvora seca
Um penálti revertido e dois golos anulados na primeira parte foram mau presságio para um dragão que não passou no teste de stress. Tentativas chegaram de todas as formas, mas pouco inspiradas.
Há jogos que desde cedo ●●● dizem que vão correr mal para um lado e o FC Porto terá ficado com essa sensação, pela sucessão de quases que teve no primeiro tempo. O nulo diante de um Rio Ave obstinado e a jogar nos limites espelha, no entanto, mais do que meros infortúnios de foras-de-jogo milimétricos. O desafio tornou-se num teste de stress que este novo dragão não soube superar, apesar das inúmeras tentativas, nem sempre inspiradas ou objetivas, mas num cerco que atacou por todos os lados. Vinte e três pontapés de canto foram um bom exemplo disso, mas foi mesmo o Rio Ave que voltou para casa com um ponto saboroso, enquanto que o FC Porto deixa escapar dois. Há jogos assim, dirão muitos. O problema para os azuis e brancos é que já teve muitos desses esta época, ou alguns em que, ao contrário de ontem, não fez por merecer melhor desfecho. O segundo lugar e a fasquia da Liga dos Campeões, onde está o Benfica, pode ficar já a seis pontos, enquanto que o Sporting
terá oportunidade de aumentar o fosso para sete, quando conseguir defrontar o Famalicão.
Do jogo, poderíamos ir buscar o guião de tantos outros. O RioAvepreocupou-seemocupar os últimos 40 metros da forma mais densa possível. O desafio de Luís Freire era tapar os caminhos por dentro, por onde vários jogadores procuravam combinações, mas sem destapar as extremidades, por onde Galeno e Francisco Conceição, suportados pelos laterais, tentavam furar. Claro, mais não fosse pelas diferenças individuais, nem sempre a fórmula de Vila do Conde funcionou, mas, no limite, esteve lá o guarda-redes Jhonatan.
Logo nos primeiros minutos, o árbitro reviu as imagens para reverterumpenáltiqueassinalara sobre Evanilson. Aos 12’, o Dragão celebrou, mas Galeno estava adiantado por quatro centímetros e, perto do fim da primeira parte, outro golo anulado, a Evanilson, por um forade-jogodeWendell.DoRioAve, a uma distância em que Diogo Costa conseguisse identificar os números dos calções dos adversários, viu-se muito pouco. Contudo,suficienteparaassustar, num remate cruzado de JoãoTeixeiraquepassouàbeirinha do poste. Foi aos 15 minutos e, até ao fim, não se voltou a ver algo parecido do Rio Ave, que contava, sobretudo, com o poderio físico de Boateng, muito curto para servir de solução. Do outro lado, o acampamento do FC Porto ficava cada vez mais perto da área de Jhonatan. Neste desafio à imaginação, Francisco Conceição era quem mais desequilíbrios criava, por muito que os defesas pudessem supor o que ele iria fazer com a bola. A parte final, por sinal a mais importante, é que continuava a faltar, por entre desvios providenciais e a segurança de Jhonatan.
Os nervos e a ansiedade começavam a notar-se, inflamados pelo cansaço. Mesmo com quase 30 minutos sem uma oportunidade flagrante, até perto dos 90’, montou-se um cerco a fazer lembrar o que ficou na história da Invicta. Só faltava Diogo Costa virar o flanco num meio-campo de ninguém ou também ele tentar o que ninguém conseguiu: marcar.