Ponto da discórdia não foi a votos
Conselho Geral do Braga retirou proposta de alteração dos estatutos que abria a possibilidade de o clube alienar maioria do capital social da SAD
Assembleia Geral foi muito concorrida, também devido à polémica gerada: 1256 sócios compareceram, Salvador ainda procurou mexer com consciências, mas a desconfiança prevaleceu.
O burburinho instalado nas últimas semanas e os focos de contestação que vieram a terreiro resultaram, ontem, numa Assembleia Geral Extraordinária muito concorrida em Braga, com volte-face quanto ao plano de alteração dos estatutos que o Conselho Geral, por indicação dos responsáveis da SAD, sugeriam ao universo bracarense. A possibilidade de o clube vir a perder a maioria do capital social das sociedades desportivas, que é obrigatório pelos estatutos em vigor, foi, desde a primeira hora, um ponto altamente fraturante, desencadeando reflexões, críticas e apelos a uma reconsideração. Motivou mesmo que alguns movimentossurgissemeprolongassem o tema de forma mais viva entre adeptos.
Numa auscultação de sensibilidades, mesmo depois de António Salvador ter falado aos 1256 sócios presentes, o equivalente a 9689 mil votos, a reunião, que decorreu no pavilhão do clube, gerou mais intervenções contrárias, ou de dúvida, pelo que o Conselho Geral decidiu retirar a proposta apresentada, alegando ser necessário mais tempo para maturar internamente os termos delineados, devendo, assim, ser reajustada a alínea que viabilizava a possibilidade de o clube deixar em mãos de entidades exteriores a maioria do capital social da SAD.
No seu discurso, António Salvador foi também comedido, sem exigências de qualquer espécie na antecipação de uma votação que acabou suspensa, por recuo do Conselho Geral. “Acredito neste passo, mas não radicalizo o discurso,nemalegoquequalquer outra decisão coloque em causa a visão e o projeto que nos têm orientado ao longo dos anos”, começou por dizer, ainda que tenha deixado um alerta. “O futuro não se compadece com imobilismos, receios ou fraquezas. É irrealista pensar-se que o Braga do passado pode garantir o crescimento e a glória do Braga do futuro”, projetou, avisando que o espaço conquistado pode ser “ameaçado se não formos capazes, como fomos até aqui, de encontrar caminhos alternativos que garantam a sua competitividade e a sua sustentabilidade.” Sobre o ponto mais sensível, Salvador ainda ofereceu a sua visão, queixando-se de “desinformação e desconhecimento” sobre o processo, a partir do momento que a Câmara de Braga não respeitou o que estava previsto, tornando os estatutos distantes da realidade.
“É irrealista achar que o Braga do passado garante glória ao Braga do futuro”
António Salvador Presidente do Braga