Que ninguém passe cartão ao conclave
OInternacional Football Association Board (IFAB) pretende colorir o futebol da pior maneira. Aos cartões amarelos e vermelhos, pretende adicionar o azul, criado para penalizar jogadores com suspensões temporárias de dez minutos. Esta não é a primeira vez que aquele conselho de sábios nos surpreende. Só que agora a ideia é tão absurda que nem o benefício da dúvida mereceu, tendo desencadeado críticas de todos os quadrantes. O mais estranho mesmo é o jogo continuar refém de um conjunto de homens e mulheres que parecem viver noutro planeta.
Num tempo em que uma das grandes preocupações de todos os que estão envolvidos na modalidade reside na evidente diminuição do tempo útil de jogo, a proposta, se colocada em prática, conduziria seguramente a mais paragens para saída e entrada atletas, protestos do campo e na bancada. Atrasos, portanto. A medida também revela a total insensibilidade do IFAB em relação ao trabalho dos árbitros. Ao contrário do esperado, a videoarbitragem, cujos méritos são tão evidentes que já nem merecem discussão, veio adensar a pressão sobre os homens do apito durante os jogos, quando não é durante meses, porque os “meios de prova” tecnológicos são agora abundantes, projetando disputas estéreis e absurdas. Um juiz pode, por exemplo, ser duramente criticado por ver uma decisão corrigida pelo videoárbitro, o que não faz qualquer sentido, porque a tecnologia existe precisamente para recolocar as coisas no lugar. Se a controvérsia em torno de amarelos e vermelhos é o que se sabe, imagine-se o arco-íris de polémica com a entrada em campo do cartão azul. Um maná para os canais campeões da controvérsia de café e para o IFAB, um problema sério para o futebol. Um dia depois de ser conhecido este projeto de descaracterização do futebol, a FIFA apressou-se a colocar ordem, garantindo que, se algum dia chegar a haver testes, serão em provas sem grande expressão, o que me deixa com
Cartão azul seria uma espécie de maná para os canais campeões da discussão de café, um problema sério para o futebol
alguma pena das “cobaias”. Por outro lado, a próxima reunião do IFAB, onde o tema será novamente debatido, decorrerá a 2 de março, o que dá alguma esperança. Pode ser que as próximas três semanas demovam os inquietos membros do conclave mais absurdo da história do futebol.