UMA VITÓRIA PARA A ÁGUIA ENTRAR NA LINHA
Benfica espantou fantasmas em nova noite de sofrimento. Estoril ameaçou, encarnados marcaram em momentos críticos e arrancaram os três pontos
Após três resultados que deixaram os adeptos à beira de um ataque de nervos, o Benfica sacudiu a pressão e fez o que lhe competia, derrotando o Estoril. Mas nem tudo vai bem no reino da Luz.
“Obrigado e a deus”, lia-se numa faixa que um grupo organizado de adeptos do Benfica exibiu durante este jogo com o Estoril, uma demonstração inequívoca de que os adeptos estão na primeira linha da contestação a Roger Schmidt, seguramente desgostosos pelo comportamento da equipa ao longo desta época e, em especial, pelos desempenhos nas partidas mais recentes. A ferida aberta em Alvalade, na Taça de Portugal, que interrompeu uma série sem derrotas que se prolongou por quase três meses, ficou seriamente inflamada com a humilhante derrota sofrida no Estádio do Dragão, que ainda por cima não teve reação à altura no jogo imediatamente a seguir, em casa, diante do Rangers, a colocar em risco a continuidade nas provas europeias.
Foi neste contexto de alta pressão sobre o treinador e, consequentemente, com reflexos na equipa, que o atual campeão nacional recebeu o Estoril, equipa que também anseia por melhores dias para conseguir fugir aos lugares aflitos da classificação. A tarefa não se adivinhava fácil para os encarnados, mais pelas razões emocionais atrás expostas do que pela diferença de valores individuais (e coletivos) em contenda, e de facto assim aconteceu, muito embora tenha havido um tónico muito importante para a turma da Luz, com o golo de Kokçu, após primeiro aviso, a serenar as bancadas que estavam em brasa desde os primeiros pontapés na bola.
Estava feito o mais difícil e o Benfica até procurou acelerar rumo ao golo da tranquilidade logo a seguir, mas o que sucedeu foi, precisamente, o contrário, com Rodrigo Gomes a aplicar um golpe na pontual recuperação de confiança das águias. A contestação, através de fumos e mensagens claras de insatisfação, fizeram-se sentir no relvado logo depois, numa altura em que João Neves, Morato e Arthur Cabral já aqueciam, sinal de que algo não estava bem, mesmo na visão normalmente parcial de Schmidt. Nestes casos em que a intranquilidade ameaça tornar-se mais um adversário para a equipa mais categorizada, nada melhor do que um golo em cima do intervalo, um golpe de cabeça de Marcos Leonardo após lance desenhado por Neres com intervenção decisiva de Tiago Gouveia.
Não demorou muito tempo até o jovem extremo demonstrar que não deve passar tantos minutos no banco, pois foi dos seus pés que nasceu o golo que espantou os fantasmas, de novo num momento-chave. Decorria o minuto 49 quando Gouveia arriscou um duelo individual com Mangala e viu o seu remate cruzado ser coroado de sucesso.
Faltava, no entanto, muito caminho para a meta e ninguém podia arriscar que a vitória estava garantida. A verdade é que o Benfica desperdiçou várias oportunidades para construir uma goleada, mas o Estoril também criou diversas situações que Trubin foi resolvendo, que poderiam deixar tudo em aberto para os minutos finais. O Benfica venceu bem e ninguém pode questionar a sua superioridade em campo. Resta saber se este resultado é suficiente para a águia entrar de vez na linha.