Nem tudo o que reluz é uma vitória folgada
Três triunfos por três podiam dizer o mesmo mas esta jornada deixou claro que não - tranquilo o dos portistas, menos seguros os de leões e águias.
Roubando a George Orwell a célebre frase “todos os animais são iguais, mas uns são mais iguais do que outros”, resumir os triunfos do trio do topo da tabela nesta 25.ª jornada obriga a dizer que todas as goleadas são iguais, mas umas são mais iguais do que outras. Os números nem sempre contam toda a verdade daquilo que se passa em campo durante os 90 minutos e tivemos disso um bom exemplo no triunfo do Sporting em Arouca, casa de uma das equipas que melhor futebol tem vindo a praticar e mais dissabores tem causado por essa Liga fora... Num relvado que se foi degradando com o correr do tempo, e de novo na máxima força depois das poupanças na receção à Atalanta, a equipa de Amorim só nos descontos avolumou o resultado, num encontro em que atendendo à estatística até esteve por baixo dos comandados de Daniel Sousa - 62%-38% na posse de bola, 12-11 nos remates, 13-9 nos cruzamentos, 20-18 nos desarmes. Mas, lá está, se o futebol fosse matemática não seria certamente o desporto-rei, nem esta partida teria terminado num 3-0 em que os leões exibiram a diversidade de predicados que fazem deles líderes do campeonato e muito difíceis de travar, por muito que se analisem: movimentação coletiva a libertar Gyokeres para encostar ao segundo poste, no pri
meiro golo; capacidade de recuperação e saída rápida para o ataque e golo genial de Catamo, no 0-2; pressão alta e a sociedade sueco-dinamarquesa a funcionar para Hjulmand fechar a contagem. Pelo meio, a tão elogiada movimentação ofensiva dos arouquenses ficou-se pelas intenções... algumas delas frustradas por Israel, que parece querer dar o passo em frente.
Antes e depois, FC Porto e Benfica também aplicaram “chapa três”, a Portimonense e Estoril, respetivamente. A “escapadinha” dos dragões ao Algarve foi encarada com seriedade e o melhor onze atual de Sérgio Conceição depressa garantiu que os de Portimão não criariam problemas desnecessários antes da decisiva viagem a Londres, para defrontar, hoje, o Arsenal. Nico González, Galeno (mais uma vez!) e Pepê construíram o resultado, importante para a motivação antes da Champions e para manter os portistas à mesma distância pontual de Sporting e Benfica.
Já na Luz, foi contada outra história. Ao
ponto de os 3-1 ao Estoril não terem evitado a contestação das bancadas a Roger Schmidt, que foi o único dos três técnicos da frente a fazer mexidas profundas no onze. Otamendi, já se sabia, estava castigado, mas nem assim Morato jogou no seu lugar de raiz, antes preferindo o alemão apostar em Tomás Araújo para formar uma dupla com António Silva, este como central à esquerda, isto é, fora da posição habitual... João Neves (que remate à trave!) começou no banco e Marcos Leonardo e Tiago Gouveia foram titulares, tendo entre ambos construído os segundo e terceiro golos encarnados, ainda antes dos 50 minutos. Triunfo tranquilo? Nada disso! O Estoril chegou a causar calafrios, a meias com Trubin, cuja defesa para a frente foi bem aproveitada por Rodrigo Gomes para empatar o jogo a um e evocar fantasmas de jogos passados nas hostes benfiquistas. A lei do mais forte acabou, porém, por imperar. Como se os números nos quisessem fazer crer que tudo está bem quando acaba bem...