A MALDIÇÃO TARDA MAS NÃO FALHA
O FC Porto continua a não conseguir ganhar em Inglaterra e desta vez também não chegou ao empate. Forçar o Arsenal aos penáltis é fraco consolo
Num jogo equilibrado, que podia ter caído para qualquer dos lados, a frieza dos ingleses no desempate por grandes penalidades fez a diferença numa eliminatória da qual o FC Porto sai de cabeça erguida.
O FC Porto voltou a não ●●● ser feliz em Inglaterra, mesmo que desta vez só tenha quebrado no desempate por grandes penalidades. Um castigo pesado para uma equipa personalizada que pagou caro o único três erros claros que cometeu: o primeiro, no golo de Trossard, quando permitiu que Odegaard encontrasse uma avenida entre quatro defesas para entregar à bola ao belga que fez o empate. Os outros dois, nas grandes penalidades cobradas por Wendell e Galeno que acabaram por ditar o desfecho de uma eliminatória que não podia ter sido mais equilibrada, estando em confronto duas realidades tão desequilibradas em termos de recursos. Aliás, só se começou a perceber verdadeiramente esse desequilíbrio quando foi necessário começar a recorrer ao banco, já o cronómetro tinha ultrapassado os 80 minutos. Antes disso, a história do jogo não foi assim tão diferente da que se tinha contado no Dragão há 15 dias. É verdade que, desta vez, o Arsenal conseguiu chegar com mais frequência à baliza de Diogo Costa, especialmente através do entendimento entre Odegaard e Saka à direita, explorando o pontual adiantamento de Galeno e, sobretudo, um par de precipitações na saída de bola dos portistas. Aliás, condicionar essa fase do jogo foi uma das prioridades de Arteta. Deixando Pepe e Otávio relativamente livres de marcação, era sobre Alan Varela e Nico González que se concentravam as atenções de Rice e Jorginho, forçando a opção pela profundidade e anulando a influência dos dois principais pensadores do jogo portista na primeira fase de construção. Nem por isso o FC Porto foi uma equipa inofensiva ou remetida à defesa. Aliás, a partir dos 15 minutos, foram os dragões a marcar o ritmo do jogo, particularmentepelocorredor direito, onde o entendimento entre João Mário e Francisco Conceição chegou a deixar Evanilson na cara do golo num par de ocasiões. De resto, seria precisamente de uma investida dessas que acabaria por nascer o golo do Arsenal. João Mário e Francisco Conceição desentenderam-se na frente, o Arsenal aproveitou o espaço naquele corredor, mas a verdade é que foi mesmo o génio de Odegaard a fazer a diferença com aquele passe milimétrico para Trossard. Com o intervalo à porta, admitia-se a hipótese de o Arsenal pressionar definitivamente à procura da vitória, mas os primeiros sinais de inconformismo acabaram por ter assinatura portista e até nota artística: Evanilson tentou fazer de bicicleta o que seria o golo da jornada, mas a bola saiu demasiado por cima. O Arsenal respondia, mas sem grande convicção e o primeiro abalo no equilíbrio aconteceu já depois dos 80, quando Arteta foi buscar Gabriel Jesus ao banco para abanar com o ataque dos gunners. O segundo, aconteceu em cima do final do jogo, quando Alan Varela, lesionado, foi substituído por Grujic. Do prolongamento, há pouco a dizer, provavelmente porque nessa altura as equipas estavam mais preocupadas em não sofrer do que propriamente em marcar. E dos penáltis, também já foi tudo dito. Wendell e Galeno falharam e a história do FC Porto nesta edição da Liga dos Campeões acabou assim, com sabor a castigo máximo.