“QSI nunca irá interferir na gestão do futebol”
Cedência da posição acionista da Olivedesportos permitiu entrada daquele que diz ser o melhor parceiro possível, mas que não irá beliscar liderança de clube e SAD, que é do presidente
Alterações de estatutos são problemáticas em vários clubes, lembra António Salvador. No Braga, admite ter havido falta de informação aos sócios, a quem faz questão de dizer quem manda no clube e SAD.
Associação ao fundo do Catar que é dono do PSG, entre outros investimentos, abrange no Braga áreas comerciais e de comunicação.
Como interpreta a contestação dos adeptos, nomeadamente em relação a si?
— Não sei a que se está a referir, mas se é sobre a última Assembleia Geral e ao ponto relativo à alteração dos estatutos, deixe-me dizer-lhe uma coisa: a alteração dos estatutos em qualquer clube é muito complicada. Ainda há pouco tempo houve um clube grande, que até está a fazer grandes resultados, que promoveu uma alteração dos estatutos em assembleia geral e foi reprovada. Mas quero esclarecer que a alteração dos estatutos não foi uma proposta da direção, foi uma proposta de uma comissão do Conselho Geral, que é um órgão constituído por pessoas que, no passado, estiveram na gestão do clube, que deram tudo o que puderam e sabiam a este clube. Enquanto presidente, fui solidário com essa proposta e na globalidade revia-me nela, mas essa não é a questão agora. Se os estatutos devem ser revistos? Nós entendemos que sim, pois precisam de ser atualizados.
Houve sócios a defender que o clube devia ter maioria na SAD...
—Mas essa proposta de alteração era muito mais profunda do que aquele artigo que foi muito badalado da maioria da SAD, que é discutível, porque o clube nunca teve a maioria desde a constituição da SAD. Mas há coisas a retirar dessa assembleia e eu retirei as minhas conclusões sobre o que se passou. Ouvi com muita atenção as intervenções dos sócios, registei o que cada um disse e fiz a minha própria reflexão. Já tive a oportunidade de a partilhar com os presidentes da Assembleia Geral e do Conselho Geral, mas não quero alongarme nessas conclusões porque o próprio Conselho Geral tem reunido e espero que se manifeste sobre o que propõe para que se consiga avançar. Retiro de positivo o facto de os sócios, muitossócios,sequereremenvolver ativamente neste processo, mas para que ele possa ser concluído é preciso envolver todas as partes e, naturalmente, terá de haver cedências e compromissos. Esse diálogo vai ter de ser feito e vai ter de ser capaz de resolver as diferenças. Não é a questão da maioria na SAD que será decisiva, percebo que muitos sócios digam que gostariam de ter a maioria, mas deixem-me ser muito claro com os associados: não há dúvida nenhuma
“A maioria não existe porque o clube nunca a teve desde a constituição da SAD. Quem manda na SAD é o Braga” ANTÓNIO SALVADOR “Ainda bem que foi à QSI que a Olivedesportos vendeu as ações. Como já disse o CEO, Nasser Al-Khelaifi, nunca irá intervir na gestão do futebol do Braga”
“A QSI não está cá para sacar dinheiro”
de que quem manda na SAD é o Braga, que é o maior acionista desde a constituição da SAD, e é o presidente do clube, eleito pelos sócios, que lidera e faz todaagestãodaSAD.Sobreisso não há dúvidas. Estou cá há 21 anos e foi sempre assim. Quero também acrescentar a minha posição particular sobre os estatutos, para que não haja qualquer especulação. Para mim, não há quaisquer linhas vermelhas. Teremos os estatutos que os sócios queiram que tenhamos.
Mas agora há um novo acionista...
—Ainda bem que foi à QSI que a Olivedesportos vendeu as ações. Como já disse o CEO, Nasser Al-Khelaifi, nunca irá intervir na gestão do futebol. O know-how da QSI nas áreas comercial, marketing e comunicação pode ser importante para o Braga. Se fizer um levantamento junto dos clubes portugueses sobre o parceiro que gostavam de ter, todos diriam que a QSI é o melhor. Os sócios do Braga devem estar satisfeitos por um dos acionistas que estava cá desde a constituição da SAD ter vendido a participação a um parceiro de renome internacional, com uma posição forte no futebol europeu, através de outro grande clube, e cujo CEO tem outras responsabilidades na gestão do futebol europeu, pois é presidente da ECA [Associação Europeia de Clubes]. A QSI não está cá para sacar dinheiro ou fazer gestão, mas valorizar a marca Braga.
“O que se passou [com alguns investidores] foi uma vergonha, mas é um problema de regulamentação”
“Os estatutos [do Braga]devem ser revistos, não se adequam à realidade, à evolução do negócio-futebol” “O máximo que a QSI pode ter é um terço do capital social do Braga”