O Jogo

MEMÓRIAS DE PERES, O PUSKÁS DO CANDAL

Foi de Gaia para o Benfica muito novo e cimentou história em Guimarães, integrando a primeira lendária equipa dos conquistad­ores, com presença no Jamor

- PEDRO CADIMA

António Peres, chamado Puskás do Candal, fez história durante nove épocas no Vitória, uma referência de 62/63 a 71/72, atuando numa final da Taça e fazendo a equipa sonhar com o título.

Lendário jogador do Vitória, por quem fez 222 jogos, assinando 54 golos, o médioofens­ivo António Peres é ainda, aos 85 anos, um embaixador de boa memória dos primeiros anos em que o clube lutou pelos lugares cimeiros no campeonato e abraçou palco de todos os sonhos no Jamor. Participou na final da Taça de 1962/63 e ajudou os conquistad­ores a baterem-se com Benfica e FC Porto pelo título nacional de 1968/69. Épocas douradas, embora o Puskás do Candal tenha sido mais concretiza­dor entre 1963/64 e 65/66. Peres ainda passa pelo Benfica e conhece Eusébio e todas as lendas, resa pira a conquista da Taça dos Campeões Europeus de 1960/61, mas deixara Candal e o Norte, mudando-se para Guimarães já depois de uma cedência de uma época ao Atlético. “Motivou-me a possibilid­ade de regressar para perto de casa e acertei na escolha. Fiquei muito surpreendi­do com a mística do Vitória, onde cada chefe de família põe o clube à frente da família. Foi a situação mais marcante para mim, primeiro vive-se o clube, depois o resto. Testemunhe­i, realmente, uma entrega fantástica das pessoas ao Vitória”, lembra Peres, atravessan­do tempo com um resumo linear na cabeça. “O futebol mudou imenso, é hoje completame­nte diferente, a começar nos equipament­os e no tipo de campo. Lembro uma maioria de pelados quando jogava”, situa-nos o antigo médio, que defende o Vitória de 1962 a 1971. “Tenho essa sensação que a minha vinda para o clube, acompanhad­o de vários outros colegas que também saíram do Benfica, casos de Manuel Pinto, Mendes, Inácio, Teodoro e Moreira, contribuír­am para o transpor de algumas barreiras, oferecendo uma melhor situação ao Vitória. Os resultados tornaram-semelhores, fomos todos prepondera­ntes durante vários anos. Diria mesmo durante os nove anos em que joguei em Guimarães, tal como o Mendes e o Pinto”, rebobina, percorrend­o o ganho de terreno dos vimaranens­es nas tabelas classifica­tivas. “O 3.º lugar e a final da Taça foram corolário dessa ascensão e momentos notáveis para nós. Marcaram claramente a minha carreira e também a vida do Vitória ”, descreve, escalpeliz­andoinsóli­to acontecime­nto no J amor.

“Marcou-me pela negativa a final da Taça de Portugal porque acabámos derrotados pelo Sporting, que era um rival muito superior. Mas, nesse jogo, tive a única expulsão da minha carreira. Era um jogador consolidad­o na equipa e num lance em que percebi que os jogadores adversário­s estavamada rum baile, afazer uma espécie de meiinho, entrei com tudo a varrer. Antes de receber o vermelho, já me encaminhav­apara sair, percebi logo gravidade. Fui expulso por um amigo, já que o árbitro ClementeHe­nriques frequentav­a a mesma praia que eu, em Lavadores. Falávamos com frequência”, reconhece Peres, multifacet­ado na dedicação ao clube, assumindo várias dimensões e missões. “Passei de jogador a co-responsáve­l do futebol juvenil. Depois fui diretor, passei por várias fases do Vitória com muita satisfação, desempenhe­i vários trabalhos que me foram confiados. Dei o melhor que sabia, o melhor que pude. Tudo fiz para engrandece­r o clube” explica Peres... espectador privilegia­do de várias décadas, aceitando enumerar aqueles que alegraram as bancadas com exibições luminosas. “O Vitória teve sempre nas suas fileiras grandes jogadores, diria autênticos fora-de-série, patamar onde coloco, por exemplo, Caiçara, Silveira, Lua, Manuel Pinto, Augusto, Djalma, Mendes e, mais recentemen­te, Tito ou Paulinho Cascavel.”

“A final da Taça em 1963 e o 3.º lugar marcaram a minha carreira e vida no Vitória”

“Fui expulso por um amigo, o árbitro Clemente Henriques parava na mesma praia, em Lavadores” António Peres Antigo jogador do Vitória

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