“PEGÁMOS NA CASA A ARDER”
A permanência foi atingida contra o Canelas (4-1) e o presidente, Paulo Monteiro, revelou as dificuldades para recuperar o clube
Há um ano e meio na presidência, Paulo Monteiro, trabalha em sintonia com o líder da SAD, Hugo Ferreira, depois de ambos terem revitalizado o clube, que tinha salários em atraso.
Com dois jogos ainda por realizar, o Trofense cumpriu o objetivo para esta temporada com uma goleada na receção ao Canelas (4-1), que garantiu a permanência, embora o presidente do clube, Paulo Monteiro, ambicionasse que a equipa se tivesse intrometido no grupo que está a disputar a subida de divisão. Desde dezembro de 2022 ao leme do emblema da Trofa, em conjunto com o líder da SAD, Hugo Ferreira, o dirigente, de 56 anos, assume que para o ano ambição é lutar pela subida.
Assumiu o comando do Trofense há quase dois anos. O que o levou a tomar esta decisão?
—Entrámos numa primeira fase em 2021. Saímos passado um ano e entrámos como Comissão Administrativa em 2022. Em dezembro propusemo-nos a eleições e ganhámos. Estamos ao leme do clube desde essa altura. Tínhamos feito um jogo com a Sanjoanense, logo no início da Liga 3 e ficámos com a equipa desde essa altura. Mudámos a equipa técnica, jogadores e felizmente tudo correu bem. A anterior SAD já não tinha condições para continuar, as coisas estavam muito más, salários em atraso, inclusive, variadíssimos problemas e nós ficámos com a criança nas mãos. Teríamos de fazer alguma coisa pelo clube e achámos que era o momento certo. Felizmente, recuperámos a SAD para o clube.
Como é que encontrou o clube?
—O clube estava muito mal. Faltava tudo. Os jogadores estavam numa fase de rutura total com a anterior SAD. Entraram em greve e recusaram-se a treinar. Depois de falar com os capitães de equipa, eles demonstraram que não iriam continuar. Fiz uma reunião com a Direção do clube e achámos por bem sentarmo-nos com a anterior SAD e chegarmos a entendimento para recuperar a SAD e o clube.
Qual foi a maior dificuldade desde que chegou?
—A maior dificuldade foi ver um balneário completamente partido, desmotivado, sem liderança, sem rumo. Tivemos todo esse trabalho de recuperar a equipa. Contratámos o Nuno Manta, uma equipa técnica nova, tivemos de dispensar alguns jogadores e fazer toda uma nova equipa. Falámos com alguns clubes que ficaram connosco neste projeto e fizeram-nos alguns empréstimos, que se revelaram importantes para o trajeto que fizemos até agora. Pegámos numa casa que já não havia mais nada para arder, estava tudo queimado e foi o recuperar a credibilidade do clube, da SAD e da confiança das pessoas. Com a colaboração de muita gente conseguimos levar o barco a bom porto.
O que lhe mais deu gozo desde que assumiu?
—Ver a alegria que os jogadores recuperaram. Foi uma família que se criou e um novo balneário. Os jogadores vão transmitir isso mesmo. Desde que entrámos ficou tudo diferente e com isso também a atitude. Regressou a alegria aos treinos e a entreajuda que sempre existiu.
A equipa garantiu a permanência com uma goleada ao Canelas. Houve muita festa no estádio?
—Sem dúvida, embora a festa seja só no fim de época. A equipa está concentrada nos dois jogos que ainda faltam e também os queremos ganhar para solidificar a posição que temos. Foi uma descarga emocional imensa conseguirmos ter atingido o objetivo e achámos que até tínhamos qualidade para estar no grupo de subida. Infelizmente, por tudo o que aconteceu não foi possível, se entrássemos mais cedo poderia ter sido, mas sentimo-nos muito contentes com o objetivo atingido nesta fase.
Quais são as ambições para o próximo ano?
—Quando o árbitro apitou para o final do jogo com o Canelas já começámos a fazer contactos para a próxima época para preparar tudo. Isso agora é o nosso foco enquanto Direção. Vamos ter
eleições até dezembro e claro que vamos candidatar-nos para mais dois anos. A perspetiva é fazer uma equipa que nos permita ser candidatos a chegar à II Liga. Vamos criar condições para que isso seja possível. O primeiro objetivo será ficar no grupo da subida e depois é jogo a jogo e ver o que acontece.
Em que departamentos o clube pode crescer?
—Pegámos numa casa que ardeu completamente. Tivemos de tratar de um PER, de melhorar a comunicação e este clube precisa de alterações de fundo a vários níveis. Já sabemos aquilo que queremos e onde temos de ir.
Os jogadores estavam numa fase de rutura total com a anterior SAD. Entraram em greve e recusaramse a treinar”
Foi uma descarga emocional imensa conseguirmos ter atingido o objetivo contra o Canelas. Já estamos a preparar a próxima época”
Paulo Monteiro Presidente do Trofense