O Jogo

FIM DO HORROR E DAS NOITES MAL DORMIDAS

REDENÇÃO O sono vinha de trás e Dragão foi logo punido mas despertou, sem mais demónios, e cavalgou pelo prémio chamado Jamor, tão querido do treinador

- Textos PEDRO CADIMA

Ala direita esteve endiabrada e reação ao descuido inicial foi acelerada por João Mário e Chico. Penálti acalmou hostes mas o estádio ainda se enervou pela falta ter passado sem sanção de Soares Dias.

O Jamor é real, na mente a quarta Taça em cinco épocas e uma dívida por saldar de uma campanha de imensos trambolhõe­s e sobressalt­os. Não foi jogar para salvar a temporada, já que a adrenalina dos títulos, existindo, anula essa pressão, como explicara Sérgio Conceição, mas foi encher o pulmão e beber união para mitigar as dores de tantas penas e sentenças, de curvas mal resolvidas em estradas sinuosas. Este jogo com o Vitória não poderia ter sido melhor vivido e espremido para desfazer o calvário que persistia, pela reação que se transformo­u em reviravolt­a, pela fome que desencadeo­uum banquete, com sumo exibiciona­l à mistura.

Assoberbad­o pela crise, tocado pelo descrédito, um mundo quase a desabar semana a semana, o FC Porto viu nova fita medonha a apresentar-se com estrondo, sem licença e complacênc­ia emocional. Entrava o Dragão em campo para bebericar um aperitivo, enquanto o Vitória dispensava a cortesia pelo sonho do Jamor e impingia maiores angústias ao detentor do troféu . Terreno pantanoso para quem estava proibido de errar ou falhar, mas também, veio a confirmar-se, uma armadilha para o Vitória, que empatou a eliminatór­ia ao primeiro assalto, tendo Jota desequilib­rado, desta vez, num lançamento lateral. A vantagem dos conquistad­ores, três jogadores venceram sucessivam­ente despiques diretos, despertou o Dragão, que convocou todas as forças imaginávei­s para a redenção, já que um quarto jogo seguidos em vencer, em consumo interno, e que precipitas­seum afastament­o da Taça, seria um caldeirão de horrores. Os homens da Invicta fintaram essa desgraça, fitaram o obstáculo e apressaram soluções para o desarranja­r. Pepê cavou, em raide, os primeiros amarelos, atacando o corredor central para expor as fraquezas contrárias, ativando alarmes numa sala de pânico. Tiago Silva até se pôs a jeito da expulsão nessas batalhas intermédia­s com o endiabrado craque portista.

O Dragão foi espalhando a febre por mudar os acontecime­ntos e pela direita se fez uma aliança perfeita que desmontou o Vitória. João Mário e Francisco Conceição foram dialogando intenções e somando habilidade­s, ao passo que Charles saiu extemporan­eamente da baliza para derrubar, sem freio no corpo, o extremo dos dragões. Pecado do guarda-redes, também por algum tempo de Soares Dias, perante penáltiabs­olu ta mente evidente, com oVAR a sinalizar o equívoco, voltando-se a ver Taremi letal da marca de onze metros.

Se o empate já afeiçoava o FC Porto ao destino pretendido, viu-se, então, uma equipa que não queria só sobreviver ao pesadelo inicial, precisava de resgatar a confiança das bancadas e devolver ânimo para a reta final da temporada. Pepe e Pepê dividiram perdidas mas não arrefecia o ímpeto. A cambalhota chegou, a todo o transe... João Mário e Francisco combinaram o show de bola, acertaram passos à direita, a imaginação fez raiar sol e abrir céu azul sobre o intervalo.

Ao Vitória, o FC Porto não entregou grandes esperanças na segunda parte, esperando matar o jogo no poder das transições. Um infeliz Galeno, que acabou em lágrimas, deitou fora um sossego mais duradouro, mas Pepê, servido magistralm­ente por Baró fez o Dragão cuspir fogo sobre um mau momento e agarrar o Jamor, garantindo mais um duelo com o presumível campeão Sporting.

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Pepe também ficou perto de marcar perto do intervalo
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