A primeira das qualidades
“A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.” Winston Churchill
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É ao professor Manuel Sérgio, a quem muito agradeço a oportunidade que me concedeu de ser seu amigo, que costumo ouvir que divide por dois os elogios que lhe fazem, mas tem o cuidado de o mesmo fazer em relação às críticas. Rui Costa que leve este sábio conselho do velho professor em devida conta, porque quando se ganha não está tudo bem, mas quando se perde também não está tudo mal. O problema é que quando não se tem a clarividência de mudar o que está mal quando se ganha, tem, depois, que se ter a coragem de mudar o que está mal quando se perde.
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Em primeiro lugar, decidir o futuro do treinador em função, e só em função, do que entende ser o melhor para o clube. O Benfica não pode ser gerido de fora para dentro, jamais, mas é preciso notar que nenhum treinador, a menos que ganhe desalmadamente, resiste a tanto silêncio incompetente da comunicação na hora de ser assumida a sua defesa, nem a tanta falta de solidariedade pública da estrutura na hora da derrota e da contestação. Assim se chegou a este impensável estado: a família benfiquista profundamente – talvez irremediavelmente – dividida em relação a um treinador que nos deu o único título de campeão nas últimas cinco épocas.
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Tomar medidas relativamente às claques, porque não passa pela cabeça de ninguém começarmos a próxima época da forma como acabámos esta. Se no último domingo, no jogo em casa com o Arouca, as claques estiveram involuntariamente do lado do treinador e do presidente quando chamaram a si o odioso de todo o estádio com tochas e palavras de ordem várias, esse odioso demonstrou que a esmagadora maioria silenciosa dos ali presentes não precisou de mais do que de assobios para mostrar, com clareza, que repudia aqueles comportamentos prejudiciais ao clube.
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Elevar – e muito! – o nível de exigência no clube. Porque os bons exemplos do passado deviam ser lei no presente, socorrome de uma pequena parte de um fantástico texto do Shéu sobre a ‘mística’, incluído no seu prefácio para o livro ‘Ases da Luz’: “Não consigo definir a tal mística, mas consigo senti-la. Sentir a grandeza do Benfica e a necessidade de ganhar, ganhar, ganhar, ganhar e ganhar. Isso fez-me ser um melhor jogador e assumir o compromisso comigo mesmo de chegar lá e fazer melhor para ajudar o Benfica a ganhar, ganhar, ganhar, ganhar e ganhar.”
Quando não se tem a clarividência de mudar o que está mal quando se ganha, tem de se ter a coragem de mudar o que está mal quando se perde
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Pegar, mas pegar de uma vez por todas, o Ministério Público pelos cornos. Se não participou em trapalhadas, se não se aproveitou de dinheiros do clube a seu benefício à margem da lei, se nem sequer assinou contratos ou participou em negociações, então não tem nada a temer. Não é esta gente, que mandou recentemente abaixo um governo de forma irresponsável sem que até hoje tenha mostrado alguma coisa que o justifique, que vai fazer cair o presidente do maior de Portugal. Andamos a aturar processos que não dão em nada desde, pelo menos, 2017. Basta!