O Jogo

UMA PROEZA (AINDA) POR REPETIR

A 26 de maio de 2004, o FC Porto fez o que parecia impossível e conquistou a Liga dos Campeões. Desde então, nenhuma equipa fora do “Big-5” alcançou o troféu

- FRANCISCO SEBE

Na final disputada em solo alemão, os dragões de José Mourinho não deixaram margem para dúvidas e vergaram o Mónaco a uma derrota clara (3-0). Carlos Alberto, Deco e Alenichev marcaram os golos.

●●● Era um FC Porto pujante, ainda com a conquista da Taça UEFA bem fresca na memória, o que, em 2004, logrou o que parecia impossível num futebol diferente do atual, mas já moderno. Há precisamen­te 20 anos, a 26 de maio, os dragões bateram o Mónaco de forma clara (3-0), numa final improvável, para arrebatare­m a segunda prova europeia consecutiv­a, mas dessa feita num nível acima do ano anterior: em Gelsenkirc­hen, num estádio lotado, a equipa azul e branca levantou o troféu da Liga dos Campeões.

Não foi uma vitória inédita, mas praticamen­te. Na época 1986/87, o FC Porto espantou a Europa ao vencer o todo-poderoso Bayern em Viena e arrecadar a Taça dos Clubes Campeões Europeus. No entanto, com o novo formato em vigor e um caminho teoricamen­te mais complicado para os emblemas externos às cinco ligas de elite – Inglaterra, Espanha, Itália, Alemanha e França -, o sabor da façanha portista foi especial. De tal forma, que, volvidas duas décadas, nenhum clube fora do chamado “Big-5” repetiu o feito: desde então, registaram-se nove triunfos espanhóis, seis ingleses, dois alemães e dois italianos.

Nas épocas que antecedera­m o ano dourado do FC Porto só o Ajax foi exceção à regra e, por isso, a campanha azul e branca foi vista como um “milagre”. Classificá-la assim seria, no entanto, redutor. José Mourinho

Há duas décadas, Gelsenkirc­hen deixou de ser um nome estranho e entrou no léxico do futebol português

foi o artífice de uma equipa queconsegu­iuseguraro­strunfos da temporada anterior, comandada em campo pelo capitão e “Bicho” Jorge Costa, defendida por Vítor Baía e Ricardo Carvalho, pincelada de magia por Deco e tornada letal por nomes como Derlei e Benni McCarthy. Passar ao lado de Paulo Ferreira, Nuno Valente, Costinha, Maniche e Pedro Mendes, entre outros, seria injustiça tremenda. Prova disso foi que, na final, dois dos três golos foram marcados por supostos “atores secundário­s”, no caso Carlos Alberto e Alenichev, que, juntamente com o “Mágico”, carimbaram a glória, vulgarizan­do um Mónaco que havia deixado pelo caminho colossos como Real Madrid e Chelsea.

O FC Porto também defrontou os “merengues”, versão “galática”, na fase de grupos. Foi, de resto, o único adversário que não conseguiu vencer (um empate e uma derrota). Partizan, Marselha, Manchester United (oitavos de final), Lyon (“quartos”) e Corunha (“meias) tombaram. Um percurso histórico que, ainda que a futurologi­a não nos permita dizer irrepetíve­l, continua por igualar.

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