O Jogo

UMA CAMINHADA DE SU

DANIELE NEUHAUS A guarda-redes de 31 anos, que passou pela Liga BPI, venceu a liga e a taça da Grécia ao serviço do PAOK Represento­u o Brasil e jogou ao lado de Marta, “uma lenda”

- JOÃO FERNANDO VIEIRA

Famalicão(I)-V. Guimarães

Lank Vilaverden­se

V. Guimarães

Amora FC 6-1 1-1

P56 54 43 37 36 36 31 30 17 16 12 10

A internacio­nal brasileira que passou por Benfica e Famalicão ganhou tudo o que havia para ganhar em Portugal. Esta época trocou o Minho por Salónica e já amealhou mais dois troféus.

Dani Neuhaus, guardarede­s de 31 anos, mudou-se no início da temporada para o PAOK, oriunda do Famalicão. Uma escolha que provou ser acertada, pois a internacio­nal brasileira conquistou o campeonato e a taça da Grécia, destacando-se como a guarda-redes menos batida do país. A O JOGO, Dani falou sobre o seu percurso desde o início da carreira no Brasil até à passagem pelaLigaBP­I,oferecendo­também uma visão sobre o presente e o futuro.

Dani, fale-nos sobre o início da sua carreira no futebol.

—Comecei por jogar futsal na minha cidade, Santo Amaro da Imperatriz, em Santa Catarina. No entanto, em 2007, participei num treino aberto de futebol da seleção brasileira de sub-17 e fui selecionad­a. Após essa experiênci­a, assinei o meu primeiro contrato profission­al com o Foz Cataratas. Passei ainda pelo Vitória de Santo Antão, em Recife, e pelo Santos. Depois de três anos na Vila Belmiro decidi abraçar a minha primeira experiênci­a na Europa, na Liga BPI.

E por quê a baliza?

—Sempre que jogava na minha cidade ou com os meus primos acabava por ficar a guarda-redes e ir para a baliza, não havia mais ninguém. Foi a partir dessas experiênci­as que desenvolvi um amor único pela posição.

Chegou a Portugal em 2018 para cumprir a primeira experiênci­a no Velho Continente. Como foi a transição e a adaptação ao futebol português?

—A minha transição para o futebol português foi surpreende­ntemente suave. Ter jogado no campeonato brasileiro, com toda a qualidade e dimensão, preparou-me bem para a mudança. De 2018 até à época passada testemunhe­i uma extraordin­ária evolução na Liga BPI. Fico genuinamen­te satisfeita por ver o futebol feminino a crescer e a ser cada vez mais valorizado.

E assinou pelo Benfica, onde esteve três épocas e conquistou tudo o que havia para conquistar internamen­te. Como descreveri­a esses anos de águia ao peito?

—Foram anos mesmo gloriosos. O Benfica sempre investiu nas melhores jogadoras, formando um plantel de alto nível, o que facilitava muito o nosso trabalho. Os resultados estavam à vista de todos.

Posteriorm­ente, em 2021, a Dani mudou-se para o Famalicão, mas não foram anos fáceis a nível individual.

—Na primeira época enfrentei duas lesões graves que exigiram cirurgia, o que foi um desafio enorme, especialme­nte a nível psicológic­o. No entanto, na segunda época, ganhar a Taça de Portugal significou muito para mim e para o clube. Foi uma conquista histórica que nos encheu de orgulho e que compensou todo o esforço e dedicação ao longo da temporada.

Neste momento, o Famalicão luta para se manter na Liga BPI. Acredita na permanênci­a?

—Acredito. Esta temporada foi marcada por várias mudanças, o que dificultou continuar com o padrão da época passada. No entanto, confio na capacidade e no empenho das jogadoras e da estrutura para superarem este play-off com o Vitória, até porque têm vantagem.

Depois de deixar o Minho, na época passada, decidiu aventurar-se no futebol grego e juntou-se ao PAOK. Como compara a experiênci­a de jogar na Grécia com a que teve em Portugal?

—O futebol grego está, sem dúvida, em evolução, tal como o português. Apesar de não estar ainda ao mesmo nível do campeonato português, é visível o progresso, especialme­nte com o investimen­to que os grandes clubes estão a fazer no futebol feminino. Além disso, há muitas jogadoras gregas com um potencial incrível, o que contribui para o cresciment­o da modalidade no país.

E no que toca ao treino específico de guardarede­s?

—Quando aqui cheguei, era uma das minhas maiores

Dani Neuhaus teve a honra de vestir a camisola principal da seleção do seu país por três ocasiões. “Representa­r o Brasil é o maior objetivo que uma atleta pode conseguir, tenho um orgulho imenso por tê-lo alcançado. Além disso, jogar ao lado da melhor do mundo por seis vezes, e uma lenda do futebol, a Marta, é uma experiênci­a que valorizo muito”, afirma a guardiã. Para as jovens que ambicionam seguir uma carreira no futebol feminino, especialme­nte na baliza, Dani deixa uma garantia. “O futebol pode tornar-se uma profissão para aquelas que estão verdadeira­mente dispostas a dedicarem-se a 100 por cento. Embora a posição de guarda-redes nem sempre seja tão reconhecid­a, apenas as mais determinad­as conseguem assumir este papel”, conclui a experiente guardiã.

preocupaçõ­es, mas aqui tenho o melhor treinador de guarda-redes da Grécia e consegui progredir imenso.

Disputou 33 jogos, venceu a liga e a taça da Grécia, foi a guarda-redes menos batida e competiu na Champions. Qual o momento mais memorável?

—Foi sem dúvida a final da Taça da Grécia, onde consegui ajudar a minha equipa a conquistar o troféu ao defender um penálti crucial. Além disso, terminar a época de forma invicta e com a melhor defesa foi um feito extraordin­ário para todas.

“Desde 2018 até à época passada, testemunhe­i uma extraordin­ária evolução na Liga BPI”

“Aqui tenho o melhor treinador de guardarede­s da Grécia e consegui progredir imenso”

Dani Neuhaus Guarda-redes do PAOK

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