O Jogo

“É MUITA PORRADA”

Alexandre Guedes apostou em experiment­ar o Girabola e acabou campeão com o Petro, num campeonato em que se houvesse VAR as expulsões seriam recorrente­s. Quer regressar

- PEDRO CADIMA

O avançado teve grande alegria em Angola, vendo a consagraçã­o chegar numa época em que assinou dez golos. Aposta de carreira tomada em função da necessidad­e de deixar de lutar por coisas menores.

Com dez golos na época, Alexandre Guedes, herói da Taça de Portugal ganha pelo Aves ao Sporting, marcou as suas credenciai­s no Girabola, fazendo parte da triunfante armada portuguesa do Petro.

Qual o sentimento por ter já festejado o título de campeão angolano?

—É sempre bom ganhar um título, ainda para mais a uma jornada do fim. Foi espetacula­r e estando longe da família sabe melhor. Fizemos muita festacomco­memorações­dentro e fora do estádio. Estamos a guardar emoções para sábado, vamos festejar mais um bocado. Mas ainda temos de pensar na Taça, que vai ser disputada em duas semanas. Queremos ganhá-la!

Que tal a ambientaçã­o ao Girabola e ao impacto da grandeza do Petro?

—Foi uma experiênci­a diferente do que já tinha vivido. A ambientaçã­ofoidifíci­l,sómesmo com o passar dos jogos e do tempo me adaptei. O Petro de Luanda é um clube poderoso, equivale-se aos grandes. Os adeptosexi­gemmuitoet­emos de estar ao máximo nível.

Que retrato tira desta satisfação individual e coletiva?

—Foi um campeonato difícil pelasadver­sidades,peloscampo­s, pelas deslocaçõe­s, um pouco de tudo. Apanhei uma realidade completame­nte diferente. Jogar nas províncias era sempre complicado, mas conseguimo­s conquistar o campeonato e fazer o tri. Em termos individuai­s correu bem. O final da época foi melhor. A equipa fez um excelente campeonato, mesmo apesar dos problemas organizaci­onais no início da época, com atrasos e burocracia­s. Conseguimo­s dar a volta a tudoefoium­acaminhada­fantástica.

Os golos e o título dizem que foi acertada a aposta?

— Os golos aparecem com naturalida­de. Fiquei satisfeito com a dezena que fiz, com quatro assistênci­as, mas gostava de ter feito mais, pois os avançados vivem de golos. Foi uma época razoável, aposta acertada, talvez sim! O contexto era outro, vim para uma equipa que luta para ganhar títulos, que domina mais o jogo, que cria mais oportunida­des. Tive essa motivação de estar num clube com objetivos diferentes, pois, geralmente, defendia equipas que lutavam para não descer, exceção ao Vitória de Guimarães.

Que relatório entrega do futebol em Angola?

—Não existem muitas condições. Só dois clubes têm academias e muitos talentos acabam por se perder por questões extrafuteb­ol. A vida não é fácil. O futebol é bom, mas algo complicado e muito físico, é muita porrada! Havendo VAR aqui, eram, no mínimo, três ou quatro expulsões por jogo. É o futebol a que temos que nos adaptar e vamo-nos ajustando, até porque o Petro é um clube grande que também tem grandes prestações na Champions africana e tem fortalecid­o o grupo com quem chega de Portugal. Foi pena a eliminação, estivemos a um passo das meias-finais. Acredito que vai acabar por ganhar a prova.

O objetivo da Champions era forte por essas bandas?

—Ficou essa mágoa, pois tínhamos capacidade para seguir em frente. Notam-se diferenças para clubes de Marrocos, Tunísia ou África do Sul, porque têm tudo mais organizado. Torna-se complicado contra esses adversário­s.

Aponta à permanênci­a no clube ou pode sair?

GUEDES SÓ TINHA ANTES GANHO A TAÇA DE PORTUGAL (AVES) E A DA POLÓNIA (RAKÓW)

—Vim sozinho para cá, optei pela estabilida­de dos meus filhos na escola. Existe mais um ano de opção e o contrato pode ser prolongado. Mas quero voltar para perto da família, é difícil, nesta fase, não ver os filhos a crescer e também não é um bom sítio para os trazer. Era uma mudança complicada. Ainda faltam jogos, tomarei uma decisão, mas penso voltar para Portugal e aproveitar o tempo com a família.

“Tive essa motivação de estar num clube com objetivos diferentes, que lutasse por títulos”

Guedes espreme a mudança com um certo cariz sociológic­o. “A decisão de vir para cá foi por causa das ambições, pois estava cansado de lutar para não descer. Aconteceu ainda no Paços. Não é fácil estarmos uma época inteira a trabalhar para a permanênci­a. Desgasta muito o nosso lado psicológic­o, trazemos os problemas profission­ais para casa. Quando isso acontece, já não é bom. Decidi vir para o Petro para lutar por títulos, queria ter uma experiênci­a diferente a esse nível, lutar por um campeonato, jogar uma Liga dos Campeões. Gostei...”.

“Ainda faltam jogos, tomarei uma decisão, mas penso voltar a Portugal”

Alexandre Guedes Avançado do Petro de Luanda

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Alexandre Guedes conseguiu em Angola o primeiro título de campeão nacional da sua carreira profission­al

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