O Jogo

Rui Borges e as ideias para o jogo

- Pontapé para a clínica

Rei morto, rei posto e a primeira boa notícia é que o novo monarca foi posto a grande velocidade. Esta semana pôs-se preto no branco o que já se falava e Rui Borges foi anunciado como novo timoneiro da embarcação vitoriana. Mas se a rapidez da decisão é de aplaudir, também o é a pessoa do escolhido.

Rui Borges é um treinador com um percurso consistent­e e que tem dado provas, por onde tem passado, de grande competênci­a. O Moreirense foi apenas a última etapa onde pudemos testemunha­r um trabalho em que do pouco se fez muito. Por isso, entendendo a opinião que Luís Freitas Lobo expressou neste jornal (onde lamenta as escolhas que se fazem privilegia­ndo o resultado e a mais recente imagem de sucesso, em detrimento da ideia de jogo e da competênci­a), acho o reparo um tanto injusto no que ao novo míster diz respeito.

De uma forma geral, mais do que um treinador com a tal “ideia de jogo” (como agora se diz no jargão futebolíst­ico), interessa-me mais um treinador com ideias para o jogo, com ideias para os seus jogadores e com ideias para o clube que vai dirigir. Um treinador com ideias próprias, mas que também se sabe adaptar, em lugar de pretender adaptar tudo à sua volta. Um treinador que,

Mais do que gostar de quem fala bem, os vitorianos gostam de quem lhes diz a verdade

acima de tudo o resto, saiba retirar o máximo potencial dos jogadores que tem ao seu dispor. Enfim, como diz e muito bem o próprio Luís Freitas Lobo, que saiba “colocar os jogadores nos lugares certos”.

É este treinador que espero que Rui Borges saiba personific­ar. Alguém que vem ensinar, mas também aprender. Que tenha a consciênci­a de que não é ele que sabe sempre tudo, mas que perceba que na profissão que resolveu abraçar, quem estagna, morre. Finalmente, espero um treinador que saiba comunicar bem. Em primeiro lugar que o saiba fazer com os seus dirigentes. A história recente do Vitória é prenhe de exemplos do que pode correr mal a este nível. Em segundo lugar, que saiba comunicar bem com os seus atletas. Que saiba entrar nas suas cabeças, perceber as suas forças e fraquezas e destas saiba fazer aquelas. E para terminar, que saiba comunicar bem connosco, os adeptos. E aí, o melhor conselho que posso dar a Rui Borges, é que seja autêntico: mais do que gostar de quem fala bem, os vitorianos gostam de quem lhes diz a verdade.

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