Duelo ao pôr do sol?
Mas que belo sarrabulho foi montado entre Sérgio Conceição e Vítor Bruno! Vítor Bruno quer sair da equipa de Sérgio e assumir o comando de uma equipa para pôr em prática as suas ideias e o muito que aprendeu ao longo de 15 anos que leva de carreira. Qual é o problema? A questão, verdadeiro sacrilégio, é outra: a hipótese, fundada ou não, mas posta a circular com intuito claro de desestabilizar emocionalmente Sérgio e dificultar o trabalho do presidente Villas-Boas, de Bruno ser convidado para treinador principal do Porto. Independentemente de quem for escolhido, este problema foi criado por Pinto da Costa ao assinar o contrato de 4 anos com Conceição a escassos dias das eleições. Seja em desespero de causa, para condicionar Villas-Boas, por algum interesse não revelado, foi imprudente e, tanto ele como a anterior SAD portista podem ser responsabilizados à luz do Código das Sociedades Comerciais. Sérgio assinou o contrato pelo sentimento de gratidão e respeito quase filial para com o ex-presidente, o que diz da sua maneira de ser, sabendo bem que não queria continuar em caso de derrota de Pinto da Costa. De então para cá andou a chutar a questão para canto mas, quando afirmou que era ele “quem ia decidir o que ia fazer”, já assumia a saída. O projeto de estrutura de VillasBoas está mais virado para um modelo “Arteta” do que “Ferguson”. Sérgio é uma pessoa muito desconfiada mas não deve acreditar nos boatos que gente ligada ao passado e aos rivais lhe fazem chegar. E deve acreditar nas palavras de Vítor Bruno porque o conhece muito bem e sabe que ele bebeu os princípios que os pais lhe transmitiram. Foi em Angola com o seu pai, Vítor Manuel, que Bruno, jovem então com 25 ou 26 anos mas já possuidor de excelente formação académica, iniciou a carreira de adjunto. Quando passou para a equipa de Sérgio tive a ocasião de reparar no “miúdo” muito fechado, de quem era difícil arrancar uma opinião mesmo em ambiente descontraído, pois para ele quem dava opiniões era o chefe. Mas já se via a qualidade nas metodologias de treino, nos exercícios ensaiados, na forma como percebia o adversário e lia os jogos e, lá está, nas raras observações que fazia. Nos últimos anos cresceu e adquiriu “voz” própria, mantendo sempre o respeito ao líder. Quer mostrar que tem asas para sair da gaiola e voar alto. Vá para onde for penso que é a hora certa para o fazer com sucesso, dadas as qualidades humanas e profissionais que possui.