Esperança naquelas lágrimas de Ronaldo
Quem olha para Cristiano Ronaldo como um jogador em fim de carreira que encontrou na Arábia Saudita um paraíso para aumentar os zeros na fortuna incalculável que fez crescer anos a fio na alta roda do futebol mundial vai, seguramente, desvalorizar estes números, mas olhemos para o que o craque português fez esta época ao serviço do Al Nassr: 51 jogos, 50 golos e 13 assistências, a que se somam cinco jogos de qualificação para o Euro’24 nos quais apontou igual número de golos. É verdade que joga agora perto das profundezas do plano futebolístico internacional e longe de se deparar com um contexto competitivo minimamente comparável com uma boa dúzia das melhores ligas europeias, mas podemos olhar para o copo meio cheio e constatar, por exemplo, que aos 39 anos continua com faro pela baliza e apetência natural para a finalização, a que se junta uma sede tremenda de continuar a acumular títulos individuais e coletivos à sua ampla sala de troféus. Sem qualquer conquista relevante para contar aos filhos em 2023/24, sobra-lhe agora soberana oportunidade de calar os críticos e fechar a chave de ouro mais uma participação com Portugal numa das principais competições ao nível de seleções. Ao contrário do que acontecia no Europeu dos nossos sonhos em França, desta
vez a turma das Quinas arranca para a Alemanha com ambições legitimamente reforçadas pela quantidade e qualidade dos jogadores às ordens de Roberto Martínez, ainda por cima amplificadas por uma fase de qualificação imaculada, com pleno de vitórias.
Neste Europeu em solo germânico, todos os sonhos cabem no horizonte dos portugueses, que à falta de melhores notícias no âmbito económico, político e social tanto suspiram por boas notícias da atividade que mais alegrias dá ao nosso povo. E, quando falamos de esperança, lembremos a capacidade de desequilíbrio de Bruno Fernandes, a genialidade de Bernardo Silva, a capacidade de explosão de Rafael Leão ou, simplesmente, o farol que continua a ser Cristiano. As lágrimas que o mundo viu esta semana depois de o Al Nassr perder a Taça do Rei mostram que a frescura física pode não ser a mesma, mas a ambição e fome de vencer continuam lá em toda a sua plenitude. Que venha o melhor CR7 no Euro’24!
A frescura física pode não ser a mesma dos tempos áureos de CR7, mas a ambição e fome de vencer continuam lá na sua plenitude