A PORTA DOS FUNDOS
Começou a ciberguerra no mundo automóvel! Se não acredita, que tal se lhe disser que 2,2 milhões de veículos da BMW, Mini e até Rolls Royce podem ser controlados remotamente, sendo possível destrancar as portas, ligar o ar condicionado e ter acesso a todos os dados do GPS dos condutores? Esta situação foi confirmada pela
ADAC (Allgemeiner Deutscher Automobil-Club). Naturalmente, que a BMW prontificou-se a resolver a questão, lançando uma actualização ao sistema ConnectedDrive. Porém, em muitos casos, esta actualização terá que ser feita de forma manual, algo que muitos dos visados desconhecem, não só qual o procedimento como a necessidade
dessa actualização. Mas o caso não se fica por aqui.
Durante um evento de cinco dias promovido pela Delphi, o CyberAuto Challenge, vários alunos de liceu juntaram-se a profissionais do ramo automóvel
e especialistas de segurança para identificarem os problemas resultantes da aplicação das tecnologias nos automóveis. Até aqui tudo bem, excepto o facto de um aluno de 14 anos ter usado uma placa de circuitos impressa (comprada por 15 dólares) para
desenvolver um sistema que, em poucos minutos, conseguiu “hackar” um automóvel com uma
facilidade nunca esperada por qualquer especialista. Através do
seu sistema, o aluno de 14 anos conseguiu controlar remotamente os limpa pára-brisas, desbloquear as portas, ligar as luzes, colocar o sistema de infoentretenimento a passar músicas do seu iPhone e ligar remotamente o motor do carro. Se isto não é um sinal para
os fabricantes de automóveis começarem a levar a sério os riscos
de segurança das tecnologias aplicadas nos seus veículos, então
não sei o que será. Este mês ganhámos um novo “colaborador”, é um desconhecido chamado Nuno Markl. Sei que atravessou os anos 80 mais ou menos na minha altura e gosta de ficção científica. Faz rádio e TV. Escreve em blogues e há quem diga que é um geek. Essa parte não sei. Mas lá que escreve bem, escreve. Agora que a apresentação do novo “recruta” está feita passemos a outro assunto. A Kaspersky descobriu um novo tipo de malware que se instala no firmware dos discos rígidos para recolher os dados sem que o utilizador se aperceba. Este tipo de ataque era inevitável, e é fruto da falta de cuidado que as marcas põem nos produtos. Não estou a falar das marcas de discos em particular, mas de toda a indústria. Isto porque, na minha opinião, só existem duas razões para que se tenha de alterar o firmware de um dispositivo: acrescentar funcionalidades ou resolver problemas. Tirando o caso dos smartphones, tablets e consolas, as alterações servem sempre para resolver problemas. Antigamente os dispositivos vinham testados até à exaustão para tapar o maior número de falhas possível. Hoje em dia grande parte dos produtos vem meio acabada e meio testada. A fase de testes final é muitas vezes feita pelos próprios utilizadores, que apontam os erros que vão encontrado. Os erros são depois resolvidos através de actualizações de firmware aplicadas pelos utilizadores. Isto poupa milhões às marcas porque não investem em testes a sério. Como se pode ver, estes firmwares programáveis são convites à instalação de software malicioso. Há que se investir mais no desenvolvimento e menos em jogadas de marketing... Depois deste tema de capa também fiquei com vontade de criar um blogue. Na verdade, já tive um, mas os tempos eram outros, assim como as opiniões, a maneira de pensar e a minha vida. Hoje tenho alguma vergonha daquele blogue wannabe que criei com 23 anos! A parte mais difícil de criar é o nome e é esta a única coisa em que não o podemos mesmo ajudar... Cabe-lhe a si escolher um nome chamativo que transmita a informação que quer passar aos seus leitores. Com uma folha cheia de possibilidades que já foram chumbadas, a maioria porque alguém há demasiados anos decidiu criar um blogue com esse nome e nunca mais lhe tocou (assim, mais ou menos como eu!), contínuo à procura do nome ideal para um blogue que pretende falar de tudo e de nada. Este mês temos uma novidade na revista, na nossa secção de gadgets temos uma review de Nuno Markl. A rubrica ‘O Gadget do Markl’ passa a fazer parte integrante da PCGUIA, espero que a mesma seja do vosso agrado. Aproveito para revelar o meu desagrado com duas situações: a primeira é a proibição de circulação de carros com matrícula anterior ao ano 2000, e não é só porque o meu carro tem vinte anos. E a outra é a aprovação do projecto-lei 118, que visa taxar a maioria dos dispositivos com capacidade de armazenamento. Tudo bem que queiram proteger os direitos dos autores, mas quando eu tiro uma fotografia a autora sou eu…onde está a minha parte desta taxa? Adeus, Word. Adeus, Excel. Foram 15 anos magníficos onde partilhámos histórias, tabelas de cálculo, gráficos e reportagens. Gostava especialmente dos ClipArts, que no início dos anos 2000 ficavam tão bem nos trabalhos da universidade. O Excel fazia contas com um só toque. Até cheguei a aprender algumas fórmulas que transformavam dados em teorias matemáticas. Em resumo, a suite Office da Microsoft, que sempre usei em PC e Mac, foi uma excelente companheira, quer nas batalhas profissionais, quer em cartas de amor digitais que se trocavam como anexos de e-mail. Para já apenas fico com o PowerPoint, mas é apenas por descargo de consciência. Pode servir para alguma coisa, mas o mais certo é recorrer sempre ao Keynote do Mac, um programa de apresentações que está uns anitos luz à frente do rival. E nem falo no Prezi. Já recebi o e-mail da Microsoft a dizer que a licença expira em Março e a picar-me «Renove já, para continuar a ter acesso aos seus documentos», «Não os deixe sozinhos na cloud… e tal». Que expire em paz. Que faça a vida feliz a muitas pessoas por 99 euros por ano. Não digo que seja caro. Apenas não é necessário. Não falo em pirataria, atenção. Falo do Google Docs, que já existe há tantos anos e que há tantos anos que me anda a tentar. Foram vários artigos escritos sobre o funcionamento, várias incursões ao site da Google para ver como funcionavam. Dizem que as mulheres conquistam os homens pela barriga. Os Docs conquistaram-me pela simplicidade e pela forma fluida como tudo funciona. Nada se perde, tudo fica gravado automaticamente, a Drive da Google fica com tudo arrumadinho e dividido por pastas. É outra forma de trabalhar. É um dos meus passos em frente para abraçar de vez a nuvem. Sigam-me!