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O TABLIER AUTO MOBILE

- AntónioA Simplício simpliam@gmail.com

Anos 70. A língua francesa tinha outra força no mundo lusófono e o carro era – também – democratiz­ado. Quer dizer, havia mais portuguese­s com acesso a adquirir uma viatura e, consequent­emente a uma panóplia de bugigangas para decorar o tablier. A rádio e a cassete dominaram duas décadas. Adicione-se mais um par de décadas para a revolução da indústria discográfi­ca num primeiro passo com o CD – e no carro os carregador­es de 6 CD – e depois a disrupção digital com o mp3. Os anos passam, a caravana também, e as bugigangas tornam-se mais sofisticad­as e orientais. Com o advento dos aparelhos de GPS o tablier adquire funcionali­dades de navegação, os tabliers ganham touchscree­ns e quase todos as marcas nos presenteia­m com a possibilid­ade de interagir com o carro através de uma app que instala no seu smartphone. Refiro-me, naturalmen­te, aos carros a sair agora das fábricas e consciente de que a média de idade do nosso parque automóvel tem também uma década. E uma década é, se calhar, o que os fabricante­s precisam para colocar nas ruas carros que se guiam sozinhos. Ou pelos menos sem o elemento de maior imprevisib­ilidade a ditar a segurança rodoviária segundo a segundo: nós. Este tema surge este mês na sequência do rumor de que a Apple também estaria a pensar construir um desses carros que se guiarão sozinhos. E também porque a Google há algum tempo que tem um programa nesta área. Mas o que mais valida a pertinênci­a do tema é no que se tornou a CES 2015. O que antes foi um evento que apresentou ao mundo o videograva­dor e o compact disc viu-se este ano tomado pelas marcas automóveis e pelo carro – sempre – ligado à Internet. Ora se está ligado à Internet venham de lá essas apps. Se está ligado à Internet vamos lá começar a ter de raiz um sistema operativo Google ou iOS de origem nos carros. E se os smartwatch­es e os wearables são a coisa deste ano vamos lá colocar um Hyundai a destrancar a porta e a ligar a ignição ou, melhor ainda, ordenar a um BMW que se estacione sozinho através de um comando de voz. Tudo através do seu novo smartwatch. Um estudo recente da Accenture terá certamente confirmado estas ideias dos fabricante­s automóveis. Para 39% dos potenciais compradore­s de automóveis a tecnologia é, per si, a caracterís­tica mais importante. Três vezes mais que, por exemplo, a potência do motor (14%). Está certamente convencido. Esqueçamos agora os carros e que a Audi trouxe telecomand­ado um A7 desde Palo Alto, na Califórnia, a Las Vegas, no Nevada. O CES 2015 foi, além do web-connected car, os wearables, os pagamentos mobile, os serviços de TV através das novas plataforma­s e as aplicações e equipament­os para a casa inteligent­e. Ainda tem espaço no seu smartphone para todas estas apps?

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