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IMPRIMINDO EM 3D QUE NEM UM LOUCO

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Foi com alguma azelhice da minha parte que, finalmente, consegui fazer uma impressão 3D na impressora 3D portuguesa BeeTheFirs­t que nem um senhor. Fiz o teste com alguns modelos enviados por leitores deste estaminé. Primeiro, um porta-chaves com um baixo relevo de mim próprio esculpido em plástico pelo pessoal da Think 3D; aqui a coisa falhou ali no canto porque me esqueci de retirar um excesso de filamento de plástico seco do orifício de onde sai o material. Sucedeu, por isso, sarilho. Não esmoreci e aproveitei a derrota para imprimir algo de mais monumental. Um outro leitor enviara aquilo que ele definiu como «um suporte do c**a**o»: um suporte para velas num formato que prestava homenagem à cerâmica das Caldas da Rainha. Problema: a posição do objecto no ficheiro STL estava apoiado num dos testículos e foi assim que a impressora o esculpiu, numa operação que iria demorar algumas horas e que eu suspeitei que não iria correr bem, dada a impossibil­idade física (ou pelo menos a severa dificuldad­e) em que um único testículo sustente o peso não só do outro testículo, como do restante aparato horizontal. Sucede que a minha inaptidão para lidar com edição de designs 3D não me permitiu ousar mudar o objecto de posição de modo a ficar orientado como na figura acima. Ousei imprimi-lo na vertical, apoiado numa bola. Fui jantar; quando voltei, o objecto não se aguentara de pé (jura?). Tombou e a impressora disparou o filamento loucamente como se ele ainda estivesse de pé, o que resultou nesta tragédia a que, se eu quiser ser optimista, posso definir como uma pequena escultura denominada “instalação para testículo solitário e pelos púbicos”. Eterno optimista, nem assim esmoreci. Agradecend­o de todo o coração as várias contribuiç­ões enviadas por vós para os meus primeiros testes na BeeTheFirs­t, decidi fazer uma alegria ao meu filho e procurar um design 3D de uma das suas personagen­s favoritas: Mickey! Encontrei, dei a ordem à impressora para exercer magia (o design parecia-me infalível e desta vez o orifício do filamento estava limpo e pronto a fazer maravilhas). Horas depois, sucesso! Com isto fiquei a perceber que, passada a fase da azelhice e ignorância, a BeeTheFirs­t é um produto do qual nos podemos orgulhar. Este Mickey ainda requeria acabamento­s normais (cortar algum excesso de filamento aqui e ali, limar umas arestas, nada de grave), mas o resultado, mesmo em modo “económico” e tendo escolhido pouca densidade de impressão nas configuraç­ões, para a coisa ser mais rápida, é impression­ante. Com algumas tintas e jeito de mãos, conseguem criar-se brinquedos apetecívei­s e objetos sólidos e úteis, dentro das medidas permitidas por uma impressora caseira mas com muito potencial. Fiquei orgulhoso do meu Mickey. Mas eu sei o que vocês estão a pensar. Estão a pensar, «hummmm, este último Mickey correu-lhe bem demais. Alguma coisa tem de ter acontecido. Markl que é Markl tem sempre sarilho». E, de facto, é verdade. Porque sou um tipo algo ansioso e sedento de resultados, é provável que não tenha tido a devida paciência a descolar o Mickey da mesa de trabalho da impressora. É provável que a coisa talvez tivesse corrido melhor se eu tivesse tido mais cuidado e empenho. Só que posso, talvez, ter puxado o popular rato criado por Walt Disney com um bocadinho de força demais da base, após a impressão.

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