«AS MULHERES TÊM UMA VANTAGEM: SABEM OUVIR»
Não é programadora mas as soluções de sistema da SAP estão na base do seu trabalho. Faz a ponte entre os clientes empresariais e a área tecnológica numa actividade que tem tanto de gestão, finanças e tecnologia como de relações pessoais.
IR PARA A ROFF ERA UMA META?
Foi um acaso. Tinha de fazer o estágio e não sabia para que área ir. O curso de Gestão tem esta vantagem: dá-nos uma série de oportunidades, porque não é assente numa coisa só. O que eu sabia era que queria começar a carreira onde houvesse a oportunidade de contactar com várias empresas mas também com vários departamentos de empresas para depois perceber onde é que me iria querer especializar. Soube que a Roff estava à procura de pessoas para a área financeira e pensei: «Porque não?». Nem tinha bem a noção do que era o SAP e, supostamente, só iria fazer o estágio curricular. Queria ir para fora de Portugal, julgava que era lá que estavam as oportunidades. Mas fui ficando por que ali era possível fazer tudo aquilo que queria: ter contacto com várias empresas, com vários departamentos, ter uma visão geral do negócio e não estar apenas focada na área financeira ou da contabilidade. Tinha também projetos internacionais e contacto com outras empresas, países, com outra forma de trabalhar, outra postura e, para completar, tinha a parte tecnológica que é cada vez mais aliciante porque está constantemente a inovar.
COMO É A RELAÇÃO COM A PARTE MAIS TECNOLÓGICA?
Trabalhamos sempre em conjunto. Traduzimos a linguagem mais funcional do cliente em linguagem mais técnica. Acaba por ser desafiante. Depois, o nosso trabalho é também técnico porque o sistema vem com uma série de funcionalidades a configurar e nós temos de adaptá-lo aos processos que a empresa nos está a pedir ou adequá-lo à realidade.
O SAP É SEMPRE ASSOCIADO A UMA COISA CINZENTA E DENSA.
É visto assim por ser muito apoiado na parte de programação, como qualquer sistema
Será que ao dizermos aos nossos filhos «larga a PlayStation e procura qualquer outra coisa para fazer» estaremos a negar-lhes um futuro próspero? Depois de perceber que os videojogos levam milhares aos estádios e movem milhões que acompanham os eventos pela Internet, confesso que parei para pensar. Mais de 2,4 milhões de horas foram dedicadas a ver vídeos de e-sports no ano passado e estima-se que em 2018 serão 6,6 milhões de horas. Mais: na China estão a construir o primeiro estádio feito especialmente para esta nova modalidade informático. Mas na verdade é muito mais que isso. Há a parte técnica mas também a funcional, ligada à componente processual. Sempre que se tem a noção de que a componente processual está lá e de que não é possível ser um bom consultor em SAP sem perceber a parte processual, desmistifica-se esta nuvem cinzenta.
EXPLIQUE MELHOR O QUE É ESTA PARTE PROCESSUAL.
Num processo de implementação, chegamos à empresa e temos de perceber como é que, por exemplo, funciona a parte da logística, desde a entrada da mercadoria até a facturação e o pagamento. Muitas vezes, todo este processo tem de ser pensado para se encontrar a melhor forma de o colocar em sistema para este o torne o mais eficiente possível. E esta é a parte que eu normalmente digo que é a mais divertida: a parte inicial de desenho do processo. Os clientes, quando nos contratam, não estão só à espera de um serviço técnico. Muitas vezes estão à espera do nosso input e da nossa experiência para lhes dizer qual a melhor forma de fazerem este processo. Quase sempre, ligada à uma implementação SAP tem de haver uma reengenharia de processo e muita gestão de mudanças. Esta é a dificuldade: conseguir comunicar ao cliente que esta é a forma mais eficaz de fazer.
É PRECISO UMA CERTA PSICOLOGIA ENTÃO?
Sim, muita. Para quem gosta de relações pessoais, esta área também é boa. Precisamos muito dessa componente. E aqui está uma das vantagens das mulheres, apesar de não gostar muito disso de homens e mulheres: nós sabemos ouvir. Às vezes somos vistas como alguém que chega e que vai pôr em causa o que fizeram até aqui. Isso acontece muito no Norte, nas PME. Temos de conquistar a confiança e mostrar que estamos ali para os ajudar. desportiva, a inaugurar em 2017. E as grandes empresas têm os olhos postos no negócio. Sim, parece que o futuro é promissor. Desculpa, filha. Quando for a tua vez, não faz o mesmo com o teu filho. Mas agora, larga o maldito comando e vai fazer qualquer coisa de jeito!