PAS DE ZOMATO
Numa das minhas últimas viagens em trabalho regressei a Paris, uma das minhas cidades preferidas. Quando lá fui da última vez, há uns seis anos, não havia ainda aquela febre de usar uma app para procurar um sítio trendy e diferente para comer. A estratégia era simples: ia-se pelos Campos Elísios, faziam-se uns desvios por umas transversais e lá se encontrava qualquer sítio decente para comer. Ou então, mais fácil: apanhava-se o metro até ao Pigalle, perto de Montmartre, e aí o problema era mesmo escolher. Desta vez, decidi que ia fazer o que muitas vezes faço quando estou à procura de um local diferente ou novo para comer: chegava lá, à cidade da boa comida, das boulangeries, das patisseries, dos bistrots e dos cafés, tocava no ícone da app Zomato e o festim de sugestões sucederia a um ritmo alucinante. Como devem estar a perceber, está tudo a fazer sentido neste texto, certo? Zomato, aquela app que já ninguém dispensa, que está tá em 23 países, tem mais de um milhão de restaurantes indexados. s. Comer em Paris, desta vez, ia ser uma brincadeira de crianças. Pois, mas é a partir de agora que tudo vai começar a parecer um filme de ficção científica: não há Zomato em Paris. Leu bem: liga-se a app no Trocadéro e ela pensa que estamos em Marte ou noutro planeta qualquer que não a Terra. Eu não sei o que se passa na cabeça de uma empresa que eu já tanto elogiei. Não sei se é uma questão legal qualquer que impede isto, nem sinceramente isto me interessa. Mas se há cidade onde a Zomato deveria estar era em Paris, mille millions de mille sabords!