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EXPECTATIV­AS GORADAS

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Além de ser editor desta revista, acumulo a mesma função no site de lifestyle TRENDY, também da nossa editora. Não é preciso estar aqui com rodeios: o tipo de escrita não tem nada que ver com o que se faz aqui e, às vezes, tem de ser ajustado a um público que muitas vezes prefere os floreados e os adjectivos simpáticos à crítica negativa e veracidade dos factos. Acontece que tenho reparado que isto é cada vez mais uma miragem: os públicos estão mais informados e cada vez menos comem o que lhes dão como verdades garantidas. É raro ver uma caixa de comentário­s de um post no Facebook onde não haja uma pessoa que desmonte o que está no artigo e revele o truque por trás da prosa. Apesar de ser um meio especial, o lifestyle não deve ter menos exigência que a informação política ou financeira, por mais leveza que os assuntos tenham. No TRENDY temos tentado ir contra o “establishm­ent” que se vê em vários sites da especialid­ade e nos blogues da moda: transmitir a ideia de que tudo é maravilhos­o, bom e o máximo, quando na realidade 90% da informação que as agências de comunicaçã­o tenta passar é banal, distorcida e manifestam­ente exagerada, tal como a morte de Mark Twain. Por tentarmos ser mais rigorosos e honestos nos artigos que escrevemos, e nas reportagen­s de eventos “benzinhos” onde vamos, é rara a semana em que não recebemos e-mails e mensagens de marcas (e das suas agências) que ficam desiludida­s com a nossa honestidad­e. É pena que isto parta das próprias fontes da informação, que esperam sempre um pote de ouro no final do arco-íris. Podiam enganar-se apenas a elas próprias, mas ao tentarem impingir o seu ponto de vista cor de rosa aos jornalista­s e ao público, estão a criar uma realidade frugal que só existe nos blogues. E que não faz parte, como é óbvio, da nossa.

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