CLUELESS
Raramente falo de política nestas linhas porque, normalmente, quando se mistura tecnologia com política, o resultado raramente é bom. Neste caso até nem vou falar do nosso País, mas da pessoa que o novo presidente americano escolheu para secretário da energia: o ex-governador do Texas, Rick Perry. Uma nota prévia para dizer que o secretário da energia dos EUA tem a seu cargo a manutenção da arma mais potente do arsenal dos Estados Unidos: a nuclear. Aliás, grande parte do orçamento desta secretaria (o equivalente a um ministério, em Portugal), vai para a criação e manutenção das armas nucleares. O secretário da energia não as pode disparar, mas é a pessoa encarregue de se certificar de que, se a altura chegar, a coisa funciona como deve ser. Ora, Rick Perry, que no passado deu a ideia de dissolver esta secretaria, aceitou logo o convite, mas tinha uma ideia completamente diferente das funções: pensava que era tudo sobre petróleo, área de onde vem, e ficou muito surpreendido quando soube que o ‘job description’ ia muito além disso - metia algo tão complexo como a energia nuclear, concentrada em forma de arma. Faz lembrar um certo “ministro do mar” que ficou muito surpreendido por saber que o era, em plena sessão de tomada de posse... Mas voltando aos EUA, Perry, formado em zootecnia, sucede a Ernest Moniz, o luso descendente, ex-director do departamento de física MIT. Está a ver a diferença entre um e outro? Pois... Depois de saber de que se tratava o cargo, Perry diz que tem estado lentamente a aprender. Ainda bem. Estamos todos muito mais seguros por saber que a gestão das armas mais potentes jamais construídas pelo Homem está nas mãos de um curioso. Será que existem cursos de física nuclear por correspondência? Assim daqueles que tenham muitas equivalências, para ser mais rápido?