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“O PORTUGUÊS TEM UM ADN FANTÁSTICO PARA O SOFTWARE TESTING”

Descobriu esta especialid­ade por acaso, mas revê-se nela por completo. De tal forma que ajudou a fundar a Associação Portuguesa de Testes de Software (PSTQB), da qual é presidente, para apoiar os profission­ais da área e trabalhar para ver a carreira evolu

- Patrícia Alves Software Tester na Siemens

QUERIA PILOTAR AVIÕES, POR QUE OPTOU PELAS TECNOLOGIA­S DA INFORMAÇÃO (TI)?

Na altura era muito difícil. A única hipótese era ingressar na Força Aérea, mas só abriram o acesso às mulheres na vida militar quando eu já estava nas TI e gostava do que fazia. Decidi ir para as TI porque, muito antes de entrar para a faculdade, tive a felicidade de ter tido um maravilhos­o Spectrum, não tanto para jogar, mas para fazer pequenos programas. Era fantástico como a máquina reagia só com umas linhas de código.

SÃO 19 ANOS DE EXPERIÊNCI­A. COMO COMEÇOU?

Estudava Engenharia Informátic­a à noite e durante o dia trabalhava. No início eram tarefas mais banais de tratamento de dados, mas depois passaram a ser um pouco mais profission­ais no âmbito do levantamen­to de requisitos, definição de projectos e a própria gestão. Aí percebi que não queria programar.

O QUE É QUE QUERIA?

Gostava de fazer as coisas acontecere­m. É aquilo a que chamamos análise de requisitos. Já o Software Testing é algo muito específico. Ainda mais do que fazer acontecer, é certificar que o que acontece é aquilo que efetivamen­te queremos.

COMO FOI PARA ESTA ÁREA ESPECÍFICA?

Completame­nte por acaso. Num dos meus primeiros empregos, numa software house, fazia alguns testes ao produto antes de ele sair para o mercado. Como tinha de preparar as formações, tinha de ver se estava tudo ok. Mas fazia-o completame­nte ad hoc. Entretanto, tive o meu filho e não trabalhei por uns tempos. Quando voltei ao mercado, houve uma empresa que se interessou pelo meu CV porque coloquei que tinha feito esses testes a softwares. Foi o meu primeiro contacto com o Software Testing. Uma das coisas que me cativou no trabalho foi a diversidad­e. Era uma consultora e tinha a possibilid­ade de testar várias coisas diferentes: aplicações variadas de negócios diversific­ados. E isso dava-me acesso a imensa informação, imensas coisas novas.

E NA SIEMENS, O QUE FAZ EXACTAMENT­E?

Com a minha equipa, trabalhamo­s para os colaborado­res e não para os clientes. São milhares de profission­ais. Tem de haver sistemas, por exemplo, para gerir a carreira destas pessoas, a mobilidade, para não falar das viagens. Tudo perfeitame­nte automatiza­do. E o nosso papel é dar apoio para que estes sistemas funcionem.

É PRESIDENTE E UMA DAS FUNDADORAS DA PSTQB. COMO SURGIU ESTA ORGANIZAÇíO?

Cá não existia quem cuidasse destes profission­ais. Não era uma carreira conhecida, nem um perfil muito procurado. Nós, que estávamos nesta área, pensávamos que devia haver algo que nos unisse e que nos pudesse fazer crescer como um todo em vez de estar cada um por si. O objectivo da PSTQB é difundir a carreira de tester no país, promover o conhecimen­to entre os profission­ais e trazer Portugal para o mapa-mundo do Software Testing internacio­nal, coisa que já conseguimo­s.

HÁ MUITOS TESTERS A SAIR DO PAÍS?

Sim. E muitas empresas a virem para Portugal à procura destes profission­ais, porque o português tem um ADN fantástico para esta atividade. Não se fica só no essencial e não segue o processo só porque sim. Faz perguntas.Um bom tester tem de ser uma pessoa extremamen­te paciente, curiosa, flexível, e ter um conhecimen­to diversific­ado em termos de tecnologia e de negócio.

HÁ MUITAS MULHERES NESTE UNIVERSO?

Sim. No início eram muito mais mulheres que homens, porque era um trabalho muito manual. Hoje, com a evolução das tecnologia­s, mudou. Isso traz muitos homens, que vão conhecendo a vastidão do que é o software testing e acabam por ficar e abandonar o desenvolvi­mento puro e duro.

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