UM “OLHO” PORTUGUÊS SOBRE OS OCEANOS
Será possível, sempre que se fala de mar e Portugal, passar ao lado do cliché dos Descobrimentos e de que somos um povo de navegadores? Não, e esta primeira frase prova isso mesmo. O curioso é que o objectivo continua a ser dar «novos mundos ao mundo». Pelo menos ao mundo da gestão sustentável dos recursos marinhos. Desta vez as caravelas ficam em terra e é lançado ao mar o MarinEye, um sistema robótico que vai «monitorizar, de forma integrada, os oceanos» para controlar recursos marinhos e o impacto de vários factores ambientais na biosfera. Ainda em fase de protótipo, o MarinEye (financiado pelo programa EEA Grants em cerca de 400 mil euros) foi apresentado em finais de Abril, no INESC Porto e vai permitir «identificar alterações na biodiversidade». Como sistema de apoio a este “robot marítimo” está um software que «visualiza e sumaria os dados», além de «desenvolver uma série de modelos» de análise. «O objetivo é integrar e identificar inter-relações entre os diferentes parâmetros químicos, físicos e biológicos obtidos através dos diversos módulos do MarinEye». Os módulos que compõem a sonda são quatro: um sistema de multisensores que vão medir temperaturas, salinidade, PH e dióxido de carbono, entre outros; uma máquina fotográfica que vai recolher imagens de fito e zooplâncton para avaliar a abundância e a biodiversidade dos mesmos; microfones para gravar dados hidroacústicos, para recolher informação relativa à presença de mamíferos marinhos e estimativas de abundância de peixes; finalmente, um conjunto de filtragem autónomo, desenvolvido para filtrar e preservar o DNA / RNA de diferentes classes de tamanho das comunidades de micro-organismos. O projecto MarinEye surge numa altura em que, segundo os investigadores responsáveis, «não era viável observar e interpretar em simultâneo os diferentes componentes oceânicos, conjuntamente com diferentes níveis tróficos, desde microrganismos a mamíferos marinhos».