QUEREMOS RESPOSTAS!
O que acontece quando uma globetrotter cria um espaço de coworking para globetrotters? Ficámos completamente globetrotterizados com esta novidade que a ex-Zomato girl Lígia Gomes abriu em Lisboa.
Espaços de coworking, em Lisboa, são como os chapéus: há muitos. Como é que o WIP se destaca?
Hoje em dia, cada vez mais, queremos estar em contacto com muitas pessoas com ideias, inspirações e motivações diferentes. Queremos conhecer novas realidades, novos modos de solucionar problemas antigos e estar perto de quem está a mudar conceitos. No WIP todos os meses temos cerca de sessenta novas pessoas que chegam para trabalhar no nosso espaço. São eles, os participantes do programa Remote Year com as formações e empregos mais variados. Aqui, é possível criar sinergias e quem sabe, novos projectos. É sem dúvida uma comunidade que traz muito conhecimento na bagagem e com a qual podemos aprender imenso.
WIP é Work in Progress. Quais vão ser os próximos passos do teu “menino”?
O objectivo do nosso “work”, que irá certamente progredir ao longo do ano, é criar uma comunidade de locais que trabalhe regularmente no nosso espaço, para interagir com estes nómadas que passam pela nossa cidade, todos os meses. Temos alguns lugares no nosso WIP para quem quiser vir trabalhar perto de nós. Queremos trazer Lisboa ao nosso espaço e tencionamos ter uma programação interessante e apelativa todos os meses.
Sabemos que és fanática de viagens. Vês-te, por exemplo, a andar pelo mundo a fundar novos WIP?
Olha! Isso seria uma óptima ideia! O mais interessante deste projecto foi sair completamente do meu conforto e ser o ás da bricolage por uns dias. Ver novos alojamentos ou traçar roteiros culturais que são o meu trabalho normal, enquanto usava uma aparafusadora e pensava em palettes de cores e decoração. Acho que estou sempre pronta para novos desafios, que me levem a áreas que não domino. Se há uns anos estava muito focada no marketing digital e publicidade, agora a minha vida passa por gestão de uma empresa. A mudança é o que nos faz crescer.
Ajudaste a criar a Zomato Portugal, trouxeste o segundo WIP a nível mundial para Lisboa. O que é que gostavas de fazer a seguir?
Parece um cliché enorme, mas o máximo que consigo pensar é daqui a um mês. Acho que neste momento estou a gostar de me focar em mudar a visão da sociedade, em relação ao trabalho. Muita gente não sabe, mas eu sou farmacêutica de formação e a mudança de carreira foi difícil. Por não haver muitas oportunidades nas coisas que eu realmente queria com a formação que tinha no currículo, mas também porque à minha volta, as pessoas não entendiam as minhas escolhas e tendiam a fazer os seus juízos de valor. Fazer com que as empresas entendam que irão motivar os seus colaboradores se estes puderem viajar ao mesmo tempo que trabalham, em vez do horário fixo nas mesmas quatro paredes, é algo que me fascina. Tem tudo a ver com a mudança de percepção, mas principalmente na confiança nas pessoas com quem se trabalha. No fundo gostava de incitar a que existisse mais confiança e liberdade no emprego.
Uma das ideias do WIP é integrar a vida de bairro no espaço de coworking. Vamos ter avozinhas a dar workshops de costura à malta nova?
Na parceria que fizemos com as avós, quisemos que, para além de nos fazerem grande parte da decoração do espaço, fossem as nossas guias. Todos os meses temos o ‘Avó Slow Sprint’, um roteiro guiado pelas avós que explicam como o bairro mudou, as lojas mais antigas e nos levam até às suas casas. Queremos que os nossos clientes sintam o que é ser lisboeta. É com acções diferentes, como esta, que eles nunca conseguiriam fazer por si próprios, que fazemos a diferença.