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O CAMINHO FAZ-SE CAMINHANDO*

- RICARDO DURAND Editor

Apesar de ter uma quantidade generosa de contactos no Facebook, são poucas as pessoas que sigo. Como já escrevi neste mesmo espaço, uso a rede social criada por Mark Zuckerberg para estar a par do que se passa no mundo e, sobretudo, para acompanhar o trabalho de meios internacio­nais. De resto, vou seguindo (e deixando de seguir) pessoas e empresas conforme me apetece - o que, aliás, me poupa a paciência em várias situações. Mas entre quem nunca deixei de seguir está o comentador político Pedro Marques Lopes; além de ser um dragão dos sete costados, o que me apraz em termos clubístico­s, as suas opiniões raramente são contrárias às minhas. Na sequência de um dos seus últimos posts, fiquei alguns segundos a olhar para o ecrã e a pensar: «Isto é brilhante». Curiosamen­te, a frase que Pedro Marques Lopes escreveu no seu mural nem era dele: «A vida é como um videojogo, sabes que estás a ir pelo caminho certo quando encontras inimigos», disse-lhe o seu filho. É escusado dizer que o Marques Lopes Júnior tem toda a razão. Lembro-me de quando era mais gamer, de pensar nisto várias vezes. Ia andando por um caminho, geralmente em RPG, e de nunca encontrar adversário­s pela frente. Aí, pensava: «Devo estar a fazer qualquer coisa mal, não deve ser por aqui». E, de facto, não era. Quando estamos a ir pelo caminho certo num jogo, e isto é um truque de programado­r, há sempre alguém que se atravessa pelo caminho e que nos coloca dificuldad­es de progressão. Na vida, é tal e qual como lembrou o filho de Marques Lopes. Quem é que pode dizer que, depois de vinte ou trinta anos de trabalho nunca arranjou inimigos; como jornalista, quem é que nunca disse umas verdades que chatearam um engravatad­o? Alguém que fez tudo mal, obviamente. Alguém que andou em círculos e nunca seguiu em frente. É por isso que, sempre que me chateiam por não gostarem de algo que eu digo ou escrevo, tenho a certeza de que estou no caminho certo. A vida é um jogo. Só é pena não haver respawn.

*O título desta crónica foi extraordin­ariamente roubado ao de um programa/livro de Clara Ferreira Alves, sobre a vida de Mário Soares.

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