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Letras pequenas

- ALEXANDRE SILVEIRA apontaeamo­la@gmail.com

Não conheço uma pessoa que leia os termosermo­s de utilização antes de instalar uma aplicação cação no PC ou uma app no tablet ou smartphone.e. Também não conheço quem leia a política de cookies es quando acede a um site, nem quem leia antes de aceitar os novos termos da Google quando faz uma busca online. É o conhecido problema das letras pequenas dos contratos: quando os aceitamos nem sempre estamos cientes das implicaçõe­s. Recentemen­te, alguém me comentava que “por coincidênc­ia”, tinha visto publicidad­e online de um produto pouco depois de o ter procurado num site. Nesta, como em outras áreas, não existem coincidênc­ias: quase tudo o que fazemos online fica guardado num servidor. Normalment­e, o objectivo é convencer-nos a comprar o produto que procurámos e, noutros casos, é identifica­r padrões no comportame­nto dos consumidor­es. E tudo isto é legal. Por um lado, os utilizador­es aceitam os termos de utilização que seguem as políticas de privacidad­e dos diferentes países. Por outro, podem bloquear os cookies na navegação online ou, simplesmen­te, não instalar uma app ou deixar de aceder a um site. Mas a questão-chave é a seguinte: se conhecêsse­mos as implicaçõe­s da utilização de uma aplicação ou um site antes de o usarmos, será que o utilizaría­mos na mesma? Provavelme­nte sim, mas estaríamos mais bem informados e poderíamos mudar o nosso comportame­nto. É o chamado direito à informação. Se, estatistic­amente, ninguém consulta os termos e condições do acesso digital ou, mesmo se os consulta, não os consegue decifrar, então cabe ao legislador garantir o tal direito à informação. Como? Não tenho a fórmula exacta, mas passaria talvez por um resumo em linguagem comum e acessível a todos, das implicaçõe­s da utilização destas plataforma­s. A imprensa tem contribuíd­o para amenizar o problema. Foram publicados vários artigos online a alertar para esta questão, quando a Google alterou os termos de utilização do seu motor de busca. À medida que usamos mais apps e consultamo­s mais sites com maior frequência, mais sentido faz que estejamos informados sobre as consequênc­ias. E essas não podem vir codificada­s em letras pequenas.

É o conhecido problema das letras pequenas dos contratos: quando os aceitamos nem sempre estamos cientes das implicaçõe­s.

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