Não há apps grátis. Nem almoços
Quando o leitor investe dois ou três eurosos numa aplicação vendida na App Store não está tá à espera de que a aplicação seja usada para sempre. e. Se estivermos a falar de um jogo, então, sabemos que a vida útil desse pedaço de código não será muito longa. São muito raros os títulos que jogamos mais de um ano, é raríssimo (mas não completamente impossível) que sejam jogados durante anos e anos. Mas se isto é assim no departamento lúdico, no departamento das apps de produtividade é completamente diferente. Existem apps que são verdadeiros salva-vidas. Daquelas que usamos até à exaustão e que, se um dia nos falham, por qualquer razão, amaldiçoamos a vida, a mãezinha do programador ou o momento em que lhe decidimos confiar a missão de nos ajudar em qualquer operação. A estrutura da maior parte dos publishers de software iOS é muito pequena. Normalmente, são micro-empresas que dependem de uma ou duas pessoas para funcionar. Não raramente, estes programadores abandonam projectos porque mudam de empregador, ou pura e simplesmente desaparecem de circulação. Nos projectos de um só homem, mesmo que de sucesso, não é difícil fazer vendas de um número impressionante de aplicações, criar uma base de suporte fiel e, de repente, deixar abandonados uns milhares de utilizadores. Um upgrade de sistema, um upgrade de telefone e, de repente, temos nas mãos uma app que outrora foi o melhor amigo do homem e que de repente se torna um incómodo até a substituirmos. Não é a primeira vez que isto me acontece, depender muito de um software e perceber que o mesmo deixou de funcionar num upgrade, percorrer a via sacra do suporte que não responde (por abandono) ou, mais incrivelmente, ter como resposta que a empresa foi comprada e que o produto agora mudou de nome e se o quiser que o compre. Sim, lá fora o mundo é cruel. Mas e quando um construtor global decide abandonar uma app que vendeu (e por vezes a bom preço) como complemento do seu hardware? Aconteceu-me esta semana e não quis acreditar que as primeiras respostas às queixas registadas por parte de clientes tivessem sido «O nosso programador desertou». O que não deixa de ser uma ironia. Está claro que não tardará que, na minha caixa de correio, eu tenha um destes dias um email a dizer «O produto X agora chama-se Y e se quiser continuar a tê-lo compre-o». É uma espécie de pirataria legal.
Existem apps que são verdadeiros salva-vidas. Daquelas que usamos até à exaustão e que, se um dia nos falham, por qualquer razão, amaldiçoamos a vida, a mãezinha do programador (...)