APROPRIAÇÃO TECNOLÓGICA
A marca da maçã apresentou recentemente o seu smartphone topo de gama chamado iPhone X (dez) para comemorar o décimo aniversário do lançamento do dispositivo original. E, como se costuma dizer no futebol, a Apple «pôs a carne toda no assador». Neste caso, foi buscar um conjunto de tecnologias que já existem há anos, mas que teimosamente ignorou todo este tempo, e colocou-as todas dentro do X para lhe dar um ar de dispositivo revolucionário. Nas redes sociais, os americanos gostam muito de condenar o que eles chamam ‘cultural appropriation’ que acontece quando alguém, por exemplo, vende roupa ou acessórios ligados a uma etnia ou cultura que não é a sua ganhando dinheiro no processo. Podemos fazer a ponte para as tecnologias incorporadas no iPhone X, das quais a Apple se apropriou, que lhes deu um nome para dar a impressão que foram criadas e desenvolvidas em Cupertino. Por exemplo, o sistema de carregamento sem fios por indução, para a Apple, chama-se Air Power. O sistema de reconhecimento facial por mapeamento de infravermelhos chama-se Face ID. E o ecrã OLED foi baptizado Super Retina. Calculo que, neste processo, haja lugar para o pagamento de direitos de utilização da tecnologia a quem a desenvolve. Mas como os vários processos que têm vindo a ser levantados contra a Apple ao longo dos anos, muitas vezes isso não acontece. Na realidade, a Apple fez um excelente trabalho de casamento do software incorporado no iPhone X, esse sim desenvolvido pelas suas equipas, com as tecnologias que foi buscar fora. Aqui, realmente, os iPhone funcionam sem os problemas que muitos Android têm, como a falta de segurança ou apps que não funcionam como o anunciado. A realidade é que há muito tempo que a Apple deixou o caminho da inovação real, desenvolvida dentro de casa, para ser apenas um aglomerador de tecnologias desenvolvidas por outros. No final, toda esta quantidade de “inovação” serve apenas para justificar o preço exorbitante que pede por qualquer dos seus produtos.