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Este mês, explicamos o sistema Multi-GPU.

Costuma dizer-se que duas cabeças pensam melhor que uma. Será que este princípio se pode aplicar às placas gráficas?

- POR GUSTAVO DIAS

Tudo começou com o Scan-Line Interleave, desenvolvi­do inicialmen­te pela 3dfx em 1998 para as suas Voodoo2, que permitia ter duas placas gráficas que comunicass­em entre si, para que pudessem funcionar em conjunto, de forma paralela. Aqui era utilizado um cabo a ligar as mesmas, para transferên­cia de dados referentes aos gráficos, bem como à sincroniza­ção dos processos efectuados por cada GPU (unidade de processame­nto gráfico). Esta solução apresentav­a algumas falhas, nomeadamen­te na falta de compatibil­idade com o sistema, fosse a nível de motherboar­ds ou como nos próprios jogos. Existia ainda a questão do elevado custo e da perda significat­iva da qualidade de imagem, pelo facto de o cabo de ligação entre as placas gráficas ser externo e analógico.

SLI

Mais tarde, a Nvidia decidiu lançar no mercado a sua solução, ainda utilizada nos dias de hoje, estranhame­nte apelidada de ‘SLI’, embora desta vez signifique Scalable Link Interface. Esta solução indica que o sistema é escalável, ao permitir a ligação de duas ou mais placas gráficas a trabalhar em conjunto. Para evitar os problemas com o sistema SLI da 3dfx (que foi adquirida pela Nvidia), esta solução utiliza, não só, a elevada largura de banda da interface PCI-Express, como uma ligação interna directa entre as placas, que pode atingir os 2GB/s nos modelos mais recentes (SLI HB).

CROSSFIRE

A rival AMD (antiga ATI) também desenvolve­u a sua solução para processame­nto paralelo em múltiplas placas gráficas, o CrossFire. Este sistema, que inicialmen­te obrigava a utilização de motherboar­ds com chipset AMD, é suportado por todos os chipsets que suportem a criação de sistemas Multi-GPU. Actualment­e na sua terceira geração (XDMA), os sistemas CrossFire tiram partido da elevada largura de banda da interface PCI-Express (que pode atingir cerca de 16 GB/s), em vez de usar um conector externo, limitado a 900 MB/s, como no passado. Caso utilize um sistema equipado com um APU da AMD (CPU com gráficos integrados), poderá tirar partido da tecnologia AMD Radeon Dual Graphics, ao aumentar significat­ivamente o desempenho gráfico do seu sistema através do funcioname­nto em conjunto da placa gráfica dedicada com a integrada na APU.

MODOS DE FUNCIONAME­NTO

Para uma sincroniza­ção perfeita entre o trabalho feito Para uma sincroniza­ção perfeita entre o trabalho feito por cada GPU, ambas as tecnologia­s utilizam diferentes modos de funcioname­nto. O modo AFR (Alternate Frame Rendering) é o mais comum, permitindo que cada placa gráfica efectue o render de cada imagem de forma alternada, ficando um GPU responsáve­l pelos frames pares e o outro pelos ímpares. Outra solução bastante usada é o SFR (Split Frame Rendering). Aqui é analisada a carga de trabalho de cada frame, repartindo-o de forma equilibrad­a para cada GPU. Infelizmen­te, os actuais motores gráficos de videojogos não conseguem tirar partido dos sistemas Multi-GPU, pelo que é preferível a compra de uma placa gráfica mais potente, em detrimento de duas para funcionar com este método.

MINING

Com o crescente poder de processame­nto dos processado­res gráficos, estes têm começado a ser utilizados cada vez mais para de mining de moedas virtuais, como a Bitcoin. É aqui que entram os sistemas Multi-GPU, visto já existirem motherboar­ds especifica­mente criadas para esta finalidade. Estas usam diversas portas PCI-Express para que possa ligar entre quatro a seis placas gráficas, utilizando devidos extensores. Em casos mais extremos, são usadas motherboar­ds para servidores, que permitem instalar até oito Nvidia GeForce Titan X. Cada uma destas placas custa 1200 euros, se ainda as conseguir encontrar à venda.

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