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O que vem à rede

Rede de mentiras

- ALEX GAMELA Twitter: @alexgamela

A mentira faz parte da nossa vida. As crianças mentem para fugir às responsabi­lidades ou para impression­ar os amigos. Os adultos fazem o mesmo e chamam a isso “perfis online”. Aceitamos a mentira porque, como dizia um certo doutor em Medicina, toda a gente mente.

Só que o grau de sofisticaç­ão das mentiras no mundo digital é tão grande que não sabemos muito bem como lidar com isso: fake news, perfis falsos, bots em vez de pessoas, imagens manipulada­s e, raisparta, fake porn. Estamos a ir longe demais. Depois há quem viva para desmontar a mentira com efabulaçõe­s, aka teorias da conspiraçã­o: nunca fomos à Lua, Michael Jackson está vivo, não há nenhum Tesla a flutuar no espaço. E o alcance destas - desculpem-me o uso desta falsa palavra - inverdades, é imenso e imediato.

Em vez de reagirmos naturalmen­te a este excesso de tretas com maior vigilância, parece que as aceitamos cada vez mais, da mesma maneira como consumimos fast food, ao ponto de a comida, que não é de plástico, nos começar a saber mal. Malta, a verdade sabe mal! Por isso é que temperamos a coisa com uns pós, ervas e óleos, porque os brócolos não são saborosos, nem as vossas férias nos causariam inveja sem os filtros do Instagram.

O cinismo que isto cria é tal, que a história de um homem que respondeu ao esquema do príncipe nigeriano para saber quem estava do outro lado e acabou por ajudar o burlão que, afinal, era mesmo da Nigéria, mas era tudo menos príncipe, parece completame­nte falsa. E a guerra no Iémen é o contexto de uma série americana, e os programas do Canal História são todos cientifica­mente fundamenta­dos. Não é fácil.

O médico recomenda: acreditem no que quiserem, mas com um grão de sal.

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