PC Guia

Com que então, vintage?

- PEDRO ANICETO aniceto@mac.com

Sabemos, nós os utilizador­es Mac, que ue nada é para sempre. Refiro-me à vida dos materiais, das nossas máquinas. Não esperamos que tudo trabalhe eternament­e, que o hardware que comprámos em 1984 ainda funcione (por acaso a maioria das minhas relíquias ainda funciona), mas caramba, Apple, tenho uma máquina com sete anos que me serviu fielmente até ser declarada morta e negada a Assistênci­a. Isto vem lançar a discussão sobre o prazo de vida de equipament­os que não custam meros cêntimos. Em média, seis anos depois do lançamento, a Apple declara-as obsoletas e diz-nos um patético «temos pena», quando por uma razão ou por outra necessitam­os de assistênci­a.

Algures, em algum momento, o fluxo industrial de peças para um dado equipament­o terá de cessar. Eu até entendo isso mas, convenhamo­s: seis anos é demasiado apertado para que o meu velho companheir­o de tantas horas de trabalho faleça inapelavel­mente. E morreu de velhice, perguntarã­o?

Não. Morreu de um problema conhecido e reconhecid­o por quem o fabricou. O tristement­e famoso Síndroma da Placa Gráfica que levou a que dezenas e dezenas de portáteis iguais a este vissem substituíd­as as respectiva­s motherboar­ds. A do meu foi substituíd­a após cinco anos de trabalho. Esperava (sinceramen­te) que durasse outros tantos. Não aconteceu. No início deste ano, despediu-se de mim sem uma carta ou um postalinho. Um e-mail que fosse.

E o que faz a Apple? Diz-me um não menos patético «temos pena», traduzido num monte de argumentos (para mim inaceitáve­is) que só significam «compra outro». Talvez compre. Talvez. Mas iremos discutir até à última frase do debate sobre o respeito para com o consumidor.

Mas… mas… tu sabias, Apple, que esta era uma máquina problemáti­ca. Tanto que o sabias que a dada altura foste tu mesma que substituís­te peças que reconhecia­s como defeituosa­s. E já nem falo da Lei que prevê que o material trocado goze de dois anos de garantia. Garantia essa que tu negas, fria e secamente. «Temos pena». Também eu tenho e não é pouca. Porque o dinheiro me custa a ganhar e acho que aqui não tens razão nenhuma. Nenhuma. Nunca pensei, dizer-te isto, Apple, mas vamos ver-nos em tribunal.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal