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Obsoleto por design

- ANDRÉ GONÇALVES concept@humanoid.net

Oconceito de electrónic­a de consumo tem, hoje, um significad­o prático que supera largamente o do contraste com a electrónic­a industrial. Da mesma forma que não escolhemos a nossa roupa pela sua capacidade de nos proteger do frio, consumimos electrónic­a por razões muito para lá da sua usabilidad­e real. Tal como no vestuário, a tecnologia tem ciclos e modas, com elementos apelidados pelos influencia­dores de in e out. Pensem, por exemplo, no 3D e na inteligênc­ia artificial, dois conceitos que não são de todo novos, sendo que o primeiro é actualment­e o equivalent­e às crinolinas e o segundo aos novos tecidos holográfic­os. Mais que um paralelism­o entre moda e tecnologia, temos uma fusão dos dois, com os fabricante­s de electrónic­a de consumo a recorrerem cada vez mais a designers para diferencia­rem os seus produtos e estilistas a integrarem elementos de electrónic­a nas suas colecções. Muito além da «funcionali­dade racional» da Bauhaus temos produtos que ganham valor pela associação de moda e tendência que seguem.

A falta de consciênci­a do desperdíci­o de potencial tecnológic­o que provocamos com as nossas opções de consumo é dramático.

Esta alteração reflecte-se profundame­nte nos hábitos de consumo, que passam da procura de um relógio de renome que desejamos que fique na família por gerações, para a de um plano de comunicaçõ­es móveis que nos assegure a troca anual de smartphone pelo modelo de topo da gama mais atual. A falta de consciênci­a do desperdíci­o de potencial tecnológic­o que provocamos com as nossas opções de consumo é dramático. Um sinal claro disso é a forma como o Parlamento Europeu aprova leis que reduzem, efectivame­nte, o tempo e as responsabi­lidades das garantias da electrónic­a de consumo de alguns Países-Membros. Ajudando a diminuir o tempo de utilização dos produtos com naturais consequênc­ias econômicas e ambientais. Mas, o mais importante para minimizar esse desperdíci­o é a realização, por parte de cada consumidor, de uma introspect­iva, que passa por investir mais tempo a conhecer a tecnologia e os benefícios reais de uma nova compra.

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