QUEM LÊ OS TERMOS DE UTILIZAÇÃO?
Comprava uma casa sem ler o contrato de venda? E um carro? Então por que é que se regista em serviços online, como as redes sociais, e não lê os termos de utilização? É que está lá tudo explicado: o que eles podem fazer, ou não, com os seus dados pessoais, bem como tudo o que pode e não fazer dentro da rede. O problema é que, como no caso dos manuais de utilização de tudo e mais alguma coisa, ninguém dá atenção aos termos de utilização. Depois, quando algo corre mal, o problema é sempre de quem fornece o serviço, nunca de quem aceitou as regras do jogo sem fazer a mínima ideia do que lá está escrito. Admito que, por vezes, as coisas estão explicadas numa linguagem tão densa que quase é preciso ter um curso de direito (com doutoramento em direito de consumo) para as conseguir perceber. Alguns serviços têm uma página em que os termos de utilização estão explicados de uma forma mais simples, mas muitos outros não têm – e deviam ter. Mas, mesmo assim, ninguém os lê.O novo regulamento europeu de protecção de dados que entra em vigor este mês, é um espelho desta cultura de desresponsabilização dos utilizadores. O RGPD continua a colocar, praticamente, toda a responsabilidade do que é feito com os dados pessoais do lado de quem os recebe e menos do lado de quem os dá. Concordo com o facto de que tem de haver alguma regulação, mas as pessoas também têm de perceber que andar na Internet é como andar na rua. Ninguém, no seu perfeito juízo, anda por aí a distribuir papelinhos com os seus dados pessoais e esperar que, depois, nada aconteça.